terça-feira, 24 de outubro de 2023

TAP: lucro de 203,5 milhões até ao fim do 3.º trimestre de 2023



Confesso que a TAP, e tudo á volta desta companhia, merece-me especial interesse. Quase 30 anos da minha vida, devido à natureza de actividades profissionais, viajei para e de vários países estrangeiros, em especial africanos e europeus. A minha companhia preferida sempre foi a TAP, excepto, obviamente, para países na qual a mesma não dispunha de rotas - Argélia, por exemplo, que cheguei a visitar 15 vezes por ano.

Os voos realizados, maioritariamente em executiva, permitiram-me conhecer figuras públicas. Tomo a liberdade de destacar as conversas, lado a lado, com Bob Marley (Londres/Lisboa) e Airton Senna (Lisboa/Marselha). Por triste ironia, ambos vieram a falecer dois anos e tal após ter conhecido e conversado com eles - mais de 2 horas com cada um.

Estes dois episódios, e outros do género, serviram-me de alerta para a importância do muito agora propalado HUB de Lisboa. Bob Marley, por exemplo, viajava, na ocasião, de Londres para Luanda, via Lisboa, na TAP. Em Angola, seguiria em companhia africana para o Zimbabwe, terra dos seus antepassados - ele tinha, como é sabido, a nacionalidade jamaicana.

O jornal 'Público', nesta notícia, anuncia que a TAP até Setembro último, atingiu um lucro recorde de 203,5 milhões. Como contribuinte, português e cliente, fiquei naturalmente satisfeito. Todavia, ainda foi maior a satisfação, ao saber que a causa de tal proveito não foi produto de qualquer alienação ou operação extraordinária. Com efeito, resultou da actividade básica da sociedade. Vários exemplos: as receitas totais aumentaram 29,7% para 3164M de euros; o número de passageiros registou mais 19,5% em relação a 2022 e, finalmente, a taxa de ocupação média das aeronaves aumentou de 79,5% para 81,9%.

Conquanto os resultados antes referidos sejam muito bons, atendendo até ao panorama da aviação internacional, em minha opinião, os números dos relatórios e contas não devem ser usados como único argumento nas vantagens económicas para o país da TAP. A preservação do antes referido HUB de LIsboa é igualmente essencial para os benefícios da nossa economia. O elevado número de passageiros estrangeiros que utilizam Lisboa em trânsito para destinos africanos e da América do Sul (Brasil em destaque) é gerador de proveitos para outros operadores. Inclusivamente, e eu apercebi-me de muitos casos quando viajava, o trânsito em Lisboa significava a permanência e visita à cidade durante 3/4 dias.

Não tenho vínculos partidários de qualquer espécie. Cada vez estou mais distante de uma classe política que, na generalidade, é marcada por incompetência, amiguismo e corrupção. Respeito o General Ramalho Eanes, felizmente ainda vivo, assim como tive admiração pelo Dr. Jorge Sampaio. Os restantes políticos, sobretudo os actuais, provocam-me repulsa. Desinteressei-me da política de tal ordem que ou voto no que considero o mal menor, ou em certas ocasiões voto em branco.

Para finalizar, apelo aos políticos que mantenham na posse do Estado uma participação no capital da TAP, assegurando, em simultâneo, condições para a continuidade do desenvolvimento do HUB. O novo aeroporto de Lisboa espera há 50 anos. Isto só pode é possível em terras que têm sido governadas por políticos de terceira ordem. 


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