No próximo fim-de-semana, terão lugar as eleições presidenciais em França,
1.ª volta. Segundo sondagens, Marine Le Pen tem a probabilidade de as vencer, o
que, a suceder, constituirá um pesado revés para a pátria francesa, da
fraternidade, da igualdade e da liberdade.
A democracia francesa salvar-se-á do poder de uma nacionalista, xenófoba e anti-europeísta convicta, apenas porque o sistema eleitoral do País prevê uma 2.ª volta e, aí sim, o candidato vencedor será quem recolher mais do que 50% dos votos expressos – Macron, dizem também as sondagens, é considerado o favorito.
A democracia francesa salvar-se-á do poder de uma nacionalista, xenófoba e anti-europeísta convicta, apenas porque o sistema eleitoral do País prevê uma 2.ª volta e, aí sim, o candidato vencedor será quem recolher mais do que 50% dos votos expressos – Macron, dizem também as sondagens, é considerado o favorito.
Parte substancial das super-estruturas da UE, se Macron ganhar, respirará de
parcial alívio. A tranquilidade não será, pois, absoluta. Os nacionalismos
tornaram-se endémicos na Europa, tendo vindo a ignorar-se, por exemplo, o comportamento da
Hungria e da Polónia no sentido desse movimento. Igualmente absurdo será subestimar-se
a representatividade que a extrema-direita (AfD) venha a obter nas próximas
eleições na Alemanha – as sondagens atribuem-lhe um resultado à volta de 10%.
Todavia, se dispersado o olhar, o mundo e o assalto ao poder por
populistas e nacionalistas autocratas, observamos que da endemia europeia passamos à epidemia
mundial. Tivemos Chavez, e agora Nicolás Maduro, na Venezuela, a tortuosa
ascensão ao poder de Temer no Brasil, a concentração de poderes alcançada por
Putin na Rússia, a eleição do odioso Trump nos EUA e, como a maldição é, de facto,
epidémica, no último fim-de-semana, a Turquia, através de pseudodemocrático
referendo, atribuiu a Ergodan plenos poderes para governar, no seu estilo autoritário, o país de Mustafa Atatürk durante mais de uma década.
Os autocratas, através de campanhas e acções urdidas sem escrúpulos, estão a obter
um sucesso paradoxal em estados democráticos. Conseguem-no no seio de regimes de
liberdades, derrotando os defensores dos valores da livre expressão de opiniões,
da convivência pacífica e universal, do respeito pela diferença de opções
políticas, credos, nacionalidades e mesmo etnias.
Os riscos dos exacerbados e propagados nacionalismos, assim como o assalto
ao poder por métodos sinuosos constituem um custo demasiado pesado da prodigalidade
das democracias que, vítimas de tanta generosidade, acabam mitigadas ou mesmo, em certos
casos, dizimadas.
Resta esperar um futuro melhor para o mundo e que a penosa onda de autocracia desfaleça. Todavia,
as barreiras, as existentes e outras a caminho, desafiam a um papel activo e
de combate por todas as mulheres e homens alinhados pelo culto e a veneração da
democracia plena, substancial nos princípios e sólida nos objectivos.
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