sexta-feira, 7 de julho de 2017

Cimeira do G20, o alvoroço em Hamburgo



Não é inédito. Tem anos. Onde há cimeira de G7, G8 ou G20, há milhares e milhares de manifestantes em protesto. A onda começou em Seattle em 1999 e teve o primeiro mártir em Génova em 2001. O jovem italiano Carlo Giuliani, aos 23 anos, foi assassinado com um tiro disparado de um carro da polícia paramilitar italiana. 
A cimeira do G2O, em Hamburgo, está envolvida em ambiente escaldante. Os confrontos entre manifestantes e polícias são intensos. A prestigiada 'Der Spiegel', às 9h31m, anunciava que já teriam sido feridos 111 polícias; por sua vez, as autoridades tinham detido 29 opositores à cimeira.
Nas manifestações anti-G20, em Hamburgo, embora no seguimento de outras como dissemos acima, há algumas novidades. Começou com um desfile de 'zombies', carregado de elevado simbolismo pela solenidade do desfile e encenação da libertação do capitalismo global, fomentador de crescentes e aviltantes desigualdades na distribuição de riqueza e rendimentos no mundo, de desumanismo e de agressões climáticas graves.   
Que eu me lembre, além de inúmeras organizações e manifestantes mobilizados, trata-se do protesto mais intrusivo em relação à localização e circulação dos líderes reunidos na cimeira. A baixa de Hamburgo está, em parte, invadida por manifestantes e, por exemplo, Jean Claude Juncker e Donald Tusk atrasaram-se na chegada à conferência de imprensa programada, por complicações no trânsito.
O que, de facto, é relevante é a mensagem enviada por quem protesta para o seio da cimeira, relativizando a mensagem em sentido inverso. Sim, simboliza aquilo que a maioria dos cidadãos do mundo, e não apenas os que protestam em Hamburgo, pode esperar de uma reunião de figuras tão divergentes, controversas, umas mais anómalas e prepotentes do que outras. Formam um mosaico de países desiguais, como o Brasil de Temer, os EUA de Trump, a Turquia de Ergodan, a Grã-Bretanha de May, a Alemanha de Merkel, a China de Jinping, a Indonésia de Jiki Widodo, a UE do atarantado Juncker e por aí fora. Têm em comum a protecção dos poderosos actores do sistema económico-financeiro. Os líderes que lá estão e outros que lhes seguirão têm de perceber que milhões e milhões de seres humanos vivem na pobreza ou em miséria extrema, que a luta pela preservação do planeta deverá ser determinada e séria (já nos bastam as desgraças disparadas do Ártico ao Antártico). 
A cimeira arrancou. Vamos esperar pelo fim do filme, que é uma verdadeira trágicomédia, com o populismo e as pós-verdades de Trump, a falta de escrúpulos do seu protegido Ergodan, o opressor turco, ou, ainda, a ostentação de riqueza obscena do grande cliente de armamento norte-americano que é a Arábia Saudita - a Polónia também prometeu a Trump comprar 7 mil milhões de armas.
Aguardemos também o que Trump escreverá no 'twitter'. Sim, porque, do Brasil, Temer, mal chegou,  afiançou: "Não há crise económica no Brasil". Puxa vida, Temer, você é um cara p'ra temer mesmo... fora Temer!

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