quarta-feira, 14 de junho de 2023

Da insurreição aos cruéis negócios do futebol (1)

 

Gosto de futebol. Habituei-me, pela mão do meu pai, a assistir a jogos de futebol no Estádio das Salésias, do seu e meu clube, o C. F. Os Belenenses.

As Salésias foram o primeiro estádio relvado do país. Há um episódio politicamente relevante que nega que Os Belenenses tenha sido o clube do regime, porque integrava figuras de relevo do Estado Novo. Como é normal, todos os clubes, e em especial os três chamados grandes, Benfica, F. C. Porto e Sporting, contam entre associados e adeptos com gente de todos os campos políticos.

Em 1938, num jogo Portugal-Espanha, três jogadores do Belenenses recusaram-se a cumprir o ritual da saudação fascista. Os seus nomes são Artur Quaresma, cigano e tio-avô de Ricardo Quaresma, que manteve as mãos atrás das costas, e Mariano Amaro e Simões que se atreveram a fazer a saudação comunista. 

Os gestos de rebeldia tiveram, é claro, consequências para os seus autores. Tanto mais que se tratava de um jogo sob o patrocínio de Salazar e Franco, a que o ‘Sapo’ deu destaque há algum tempo pela altercação entre Artur Quaresma e André Ventura.

Esta história demonstra que, nem sempre, o futebol esteve ou está do lado errado da sociedade. Isto é, dos poderosos, dos valores obscenos que se pagam hoje a jogadores e de transferências que rendem milhões a empresários, sendo Jorge Mendes o detentor da maior fortuna entre estes.

O presente ‘post’ é o primeiro de um conjunto de textos que tenciono publicar sobre o futebol,  as abjetas negociatas existentes no seu seio e os contrastes sociais com a pobreza e miséria omnipresentes no mundo, em especial em África.

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