Gosto de futebol. Habituei-me,
pela mão do meu pai, a assistir a jogos de futebol no Estádio das Salésias, do
seu e meu clube, o C. F. Os Belenenses.
As Salésias foram o primeiro estádio
relvado do país. Há um episódio politicamente relevante que nega que Os
Belenenses tenha sido o clube do regime, porque integrava figuras de relevo do
Estado Novo. Como é normal, todos os clubes, e em especial os três chamados
grandes, Benfica, F. C. Porto e Sporting, contam entre associados e adeptos com
gente de todos os campos políticos.
Em 1938, num jogo Portugal-Espanha, três jogadores do Belenenses recusaram-se a cumprir o ritual da saudação fascista. Os seus nomes são Artur Quaresma, cigano e tio-avô de Ricardo Quaresma, que manteve as mãos atrás das costas, e Mariano Amaro e Simões que se atreveram a fazer a saudação comunista.
Os gestos de rebeldia tiveram, é
claro, consequências para os seus autores. Tanto mais que se tratava de um
jogo sob o patrocínio de Salazar e Franco, a que o ‘Sapo’ deu destaque há
algum tempo pela altercação entre Artur Quaresma e André Ventura.
Esta história demonstra
que, nem sempre, o futebol esteve ou está do lado errado da sociedade. Isto é,
dos poderosos, dos valores obscenos que se pagam hoje a jogadores e de transferências
que rendem milhões a empresários, sendo Jorge Mendes o detentor da maior
fortuna entre estes.
O presente ‘post’ é o primeiro de
um conjunto de textos que tenciono publicar sobre o futebol, as abjetas negociatas existentes no seu seio e
os contrastes sociais com a pobreza e miséria omnipresentes no mundo, em
especial em África.
Sem comentários:
Enviar um comentário