As designadas democracias
liberais confrontam-se com ameaças populistas e xenófobas, a derramar com
diferentes intensidades. A Alemanha, do partido AfD, a França de Marine Le Pen,
a Itália governada Giorgia Meloni e Matteo Salvini e a Suécia com os ‘Democratas
Suecos’ que apoiam o governo conservador são, infelizmente, apenas uma parte de
uma negra lista de candidatos ou governantes que têm invadido a política em
diversas latitudes, assistindo-se, portanto, à participação da Europa no
epicentro da radicalização da extrema-direita.
Portugal com o Chega também se
integrou no nefasto movimento. Em Viana do Castelo, André Ventura (AV), tão
inteligente como insolente, teve um fim-de-semana em cheio. Os canais
televisivos e outros meios de comunicação social deram-lhe horas de imagem, de espaço
e de tempo suficientes para que o homem fizesse ao povo mil e uma promessas irrealizáveis.
O mais chocante, no meio de tudo o que foi apregoado, é constatar que uma parte
desse povinho, e nada insignificante, acredita em atoardas, pensando que vai
ficar de bolsos cheios, carros de luxo e barriguinhas muito bem nutridas.
Não é necessário ser economista,
minha profissão, para desmistificar as balelas de AV. Aplicando ao Estado o
raciocínio comum do governo da casa, qualquer pessoa entende que jamais é
possível subsistir em condições de vida dignas num lar em que as receitas se
reduzem drasticamente e, por sua vez, as despesas aumentem com grande expressão
e ultrapassem as primeiras.
Vamos, então, a um resumo das
promessas de AV: 1) Eliminação do IMI e do IUC; 2) Aplicação da taxa 0% de IVA
a todos os produtos alimentares de origem portuguesa e de mais alguns bens
essenciais de origem externa; 3) Aumentar para o valor do Salário Mínimo
Nacional (SMN) a pensão mínima dos reformados.
Tudo o que foi anunciado, segundo
o jornal “O Expresso”, significaria um montante adicional de 11 mil milhões de euros
na ‘Despesa Pública’, o que se traduziria em acréscimo de gastos do Estado de
cerca de 5% do PIB. O prometido por AV é impossível realizar, ponto final.
Outras facetas aberrantes da
convenção do Chega relacionam-se com temas político-sociais. Caso de misoginia,
no propósito de retirar apoios a instituições que garantem a igualdade do género.
Ou do xenofobismo relativamente a imigrantes, esquecendo que Portugal é um país
de emigrantes e cada vez mais jovens e qualificados – mas neste último caso não
há apenas a lamentar o esquecimento do Chega; o governo e até a restante
oposição têm muitas responsabilidades.
Com este animal na sala, em 10 de
Março veremos o grau de desordem em que a casa fica. A mim palpita-me,
naturalmente, que o PR e partidos do regime não terão solução de fácil governabilidade.
Aguardemos!