Uma maioria de cidadãos
sabe que, em macroeconomia, a probabilidade de acertar previsões, valor do PIB
por exemplo, é muito condicionada. O OGE 2015, composto por texto pretensioso e
tecnocrático, estabelece pressupostos incompletos e objectivos incertos.
No fim
de 2015, com o reforço de múltiplos rectificativos intercalares, conheceremos
os resultados reais do desempenho económico do País – raramente os valores coincidem
com os números projectados de início.
Um governo integrando um PM
bronco no discurso e convencido de ser um génio; e ainda uma ministra das
finanças a transpirar inverdades, vacuidades e erros, dos ‘swaps’ aos orçamentos; um governo deste género, iria dizer, até
por casos sucedidos, é alvo de natural desconfiança.
Em documento demasiado erróneo e
omisso na especificação de cerca de 40% de austeridade, (isto
segundo o Conselho das Finanças Públicas), estabelece no OGE2015 as
seguintes metas para o crescimento do PIB e défice orçamental:
PIB ……………………………1,5%
Défice Orçamental: …………....2,7%
(Relatório OE 2015 ‘Economia
Portuguesa: Evolução Recente e Perspectivas para 2015’ Quadro 1.3.3)
Azar dos azares, como não fossem
suficientes os erros e torturas a que os governantes submetem o País, de uma
rajada o OGE2015 é atingido por dois chumbos e dos pesados:
- · Primeiro, foi a Comissão Europeia a declarar que o PIB em 2015 se limitará a crescer 1,1%, prevendo um défice de 3,3% - para 2014, estima um crescimento de 0,9% do PIB, igual à previsão do BdP e abaixo de 1,2% projectado pelo governo.
- · De seguida, vem o FMI prever, para Portugal, um défice orçamental de 3,4%, defendendo a reestruturação da dívida privada, a despeito de custos para a Banca – [Obs.: É estranho que o FMI rejeite, ocultando, igual medida de reestruturação para a dívida pública e se tenha revelado adverso à actualização do ‘Salário Mínimo Nacional’; esta crítica só é compreensível à luz da ideologia do empobrecimento e desvalorização da vida de quem trabalha, no antro do neoliberalismo da instituição de Lagarde e onde se encaixou o nefasto Gaspar.]
O que escrevi no início do ‘post’ a respeito de falibilidade das
previsões macroeconómicas é aplicável, naturalmente, à Comissão Europeia e ao FMI
– jamais previram a débacle do sistema financeiro internacional de
2007 e muito do que se lhe seguiu.
Todo este jogo de ‘o meu número é
melhor do que o teu’, complementada por falta de regulação eficiente e eficaz dos mercados,
leva à crescente descredibilização dos políticos, com efeitos no incremento do
abstencionismo e na deterioração dos regimes democráticos.
É, pois, neste ambiente selvático,
de poderosos predadores do ser humano e promotores da intensificação de uma
nova escravatura, que a amanuense Albuquerque e o chefe Coelho deram início ao
desfilar de contradições, natural pela imaturidade e falta de seriedade de ambos no discurso:
- · Ministra das Finanças mantém previsões do Orçamento para 2015, segundo o jornal “i” de 4-Nov-2015, a propósito das observações da CE.
- · Primeiro, foi MLA a contradizer-se e, de imediato, foi secundada por Passos Coelho ao afirmar que o Governo está disposto a ajustar a estratégia orçamental para sair do procedimento de défice excessivo em 2015.
Será que “ajustar a estratégia orçamental para sair
do procedimento do défice excessivo em 2015” significará recorrer à maldita
austeridade? Oxalá esteja enganado, mas suspeito que a resposta será
afirmativa.
O governo
jamais falha; o OGE é que se engana e os cidadãos comuns levam a bordoada do
costume.
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