Ontem na TVI, o Professor
Marcelo, rei da retórica e dos argumentos trabalhados com tal presteza que
parecem infalíveis, teve uma saída ao estilo de revista, o ‘vaudeville’ à portuguesa, do velhinho Parque Mayer – agora, por
decisão judicial, geminado
com a Bragaparques.
Na dissertação semanal, o
distinto prelector – confesso que assim o considero – a certa altura meteu-se
por caminhos de apalpação e afirmou:
É consabido que nestas questões de
linguagem, em português e noutros idiomas, há afirmações, umas mais do que
outras, que se prestam a especulações ridicularizáveis – de Passos a apalpar o “pulso”
a Portas e este não sentir, podemos extrair, pelo menos, uma de duas
conclusões: “ou Passos apalpa mal, ou
Portas é insensível nos pulsos’.
Seja como for, é sempre possível
escarnecer politicamente da afirmação de Marcelo, mesmo sabendo que entre
este e o par formado pelos dois governantes existe uma relação histórica de
grande aversão.
Entre vários autores, que
glosaram o tema, retive um soneto que me foi enviado por um amigo:
Marcelo exibia-se a charlar
De súbito, da boca sai-lhe o apalpão
Um comentário de fazer pasmar
Um milhão d’espectadores de televisão.
A dona Rosalina no sofá se agitou,
Temos aqui ‘Casa dos Segredos’?
A mulher bufou, o gato miou, o cão ladrou
Num alvoroço de reles enredos.
O discurso publicitou um real mistério,
O primeiro lança a mão para apalpanço
O vice, insensível, finge não perceber.
Quem tem as condições disto julgar a sério
É o pobre povo sujeito ao brutal gamanço
De impostos e os cortes no pouco a receber.
[de
poeta anónimo]
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