A notícia da transformação da antiga casa de Jorge Amado em Centro Cultural trouxe-me à memória a minha visita a São Salvador em 2000. Estive próximo da residência do imortal escritor. Estava já bastante doente. Alguém me avisou que a mulher, Dona Zélia, pedia aos portugueses que o visitassem que não referissem a morte de Amália Rodrigues, em Outubro de 1999. Jorge Amado, na solidez da amizade, tinha por Amália uma estima e admiração infinitas.
De todas as cidades brasileiras que conheço, e são diversas, sempre reservei a São Salvador um local especial no fundo do coração. A amálgama do misticismo religioso de Orixás e catolicismo, Jorge Amado, Vinicius, Dorival Caymmi, Dona Canô e seus filhos Bethânia e Caetano, Gal Costa e mais uma infinidade de baianos incrustaram-se-me na alma até sempre.
Da obra de Jorge Amado, vem-me à memória o romance 'Capitães da Areia', o chefe do grupo Pedro Bala, a malograda Dora, grande paixão de Bala, o Sem-Pernas, o Professor, o João Grande e tantas outras crianças, abrigadas num trapiche, perto da praia. Todos órfãos de pais e da sociedade que os desprezava e hostilizava. Jorge Amado foi um escritor que, em cada frase, tinha o privilégio de nos fazer ver em palavras o que outros nem sequer em imagens conseguem transmitir.
A Jorge Amado, a Dona Canô e aos inúmeros baianos que transmitiram ao mundo a arte, a música e a cultura da Baía, presto singela homenagem através da publicação da canção "Oração de Mãe Menininha do Gantois", interpretada por Dona Canô, Maria Bethânia e Caetano Veloso.
'Mãe Menininha do Gantois' era Maria Escolástica da Conceição Nazaré, mãe-de-santo, filha de Oxum.
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