O sistema financeiro internacional,
com o impulso inicial do Lehman Brothers, registou em 2008 uma crise que se deflagrou
e propagou pela Europa. Esta crise ainda perdura e, regra geral, tem a característica
da situação da banca ser complexa. Com efeito, vários bancos europeus
enfrentam dificuldades e recorrem a processos de reestruturação. Visam o objectivo
de, no fim dos ajustamentos, recuperar os resultados de exploração, a liquidez e os
rácios normais no sector.
O despedimento de contingentes de
milhares de trabalhadores é a medida estigmatizada e geograficamente transversal
nas reestruturações efectuadas, em curso ou projectadas para a banca. Citemos
apenas dois casos:
·
o Deutsche
Bank, maior banco alemão, em Outubro de 2015, projectava uma reestruturação
profunda com 35.000 despedimentos;
·
o inglês Lloyd’s
Bank, dirigido pelo nosso compatriota Horta Osório, há um ano lançou um
programa de despedimentos de 9 mil trabalhadores, os quais se somam aos 30.000
despedidos desde 2008 – há dias, corria uma notícia de que Horta Osório se
prepara para afastar mais umas centenas de trabalhadores do Lloyd’s.
Então e por cá?
Também as reestruturações têm a fatal medida dos despedimentos colectivos, associados
a encerramentos de balcões ou da própria actividade, caso do BPP. Sem contar
ainda com os desempregados produzidos pela aquisição luso-angolana do BPN,
banco que até deveria ser um símbolo de orgulho nacional, uma vez que o
primeiro magistrado do País, Sr. Cavaco, e filha, ao que parece episódica mas
formalmente, foram accionistas daquela instituição financeira.
Despejar gente
no desemprego, neste caso, equivale à forma descontraída própria do motorista da camioneta do lixo,
de cigarro na boca e com o automatismo de esvaziamento activado, a encher a lixeira. Esta é a melhor imagem que me ocorre para caracterizar mais duas
remessas de bancários para o desemprego ou a reforma, em muitos casos
antecipada e penalizadora. Uma está em curso no Banif,
presidido pelo devoto socialista Luís Amado cuja filiação no CDS não seria exótica,
e outra realizar-se-á nessa grande obra de Carlos Costa, designada Novo
Banco, dirigido por Stock da Cunha, um amigo e discípulo de Horta Osório –
o mundo da banca, a nível de topo, é segmento social pouco populoso e muito
privilegiado.
Este país, empobrecido
intencional e programadamente nos últimos quatro (4) anos, continua a ter de
suportar um contínuo fluxo de desemprego desde a banca, embora sejam atribuídos ao
sector benefícios fiscais, moral e socialmente intoleráveis tendo em conta o
baixo empenho social e as facturas de custos de ajustamento passadas aos contribuintes.
O governo de
António Costa, até justificado pela necessidade de compensar agravamentos da
despesa pública de algumas medidas a aplicar a partir de 2016, deverá ser muito
menos generoso nas políticas dos benefícios fiscais com os grandes grupos económicos,
nomeadamente a banca. Os mais frágeis devem ter prioridade de protecção nas
políticas macroeconómicas governativas. Como é óbvio!
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