segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A Dra. Teodora Cardoso descobriu a pólvora


A presidente do Conselho de Finanças Públicas sofre de incontinência verbal (e ainda não existem fraldas para este tipo de incontinentes).
Está sempre disponível para continuadas intervenções públicas prejudiciais ao País, e contrariado alarmismo por si lançado, e infundado, sobre o défice previsto para 2016, veio hoje a público, no cáustico 'Jornal de Negócios', afirmar:
"Seria extremamente difícil o país aguentar juros de 5%."
Claro que o montante da dívida pública portuguesa, desde há mais uma década, tem sido agravado. Tanto pelo governo anterior, a despeito do programa de reajustamento da 'troika', como pelo actual executivo. O risco de aumento de juros é real. No entanto, há outras causas externas
Entre o tempo de um e outro executivo, há transformações instrumentais e de mercado que são ignorados pela Dra. Teodora. Citemos:

1) Em termos exógenos de mercado, que obviamente são impossíveis de dominar por mecanismos internos, começamos pela promessa de Donald Trump de reduzir substancialmente a taxa sobre lucros das empresas (equivalente ao nosso IRC) se ter traduzido numa animação bolsista, mercado de acções em alta, em detrimento das taxas de obrigações de dívida pública. Perspectivam-se para estas últimas naturais aumentos de taxas de juro e fugas de investidores.
2) A redução de compra de activos anunciada pelo BCE, Mário Draghi, é outro factor adverso para o investimento em obrigações de dívida pública.
3) A prestigiada Bloomberg é a própria a reconhecer que as obrigações de dívida alemã tendem definitivamente a deixar de ser transaccionadas a taxas de juro negativas - veja-se este artigo e gráfico da referida Bloomberg.

Há, pois, uma série de factores de mercado, incontroláveis individualmente por qualquer país,  ainda para mais de dimensão macroeconómica reduzida, caso de Portugal. 
Todavia, o fenómeno, embora com maior enfoque nos mais frágeis, atinge sobretudo as economias da UE. Itália é das economias que está a sentir uma crise agudizada; as taxas de obrigações superam os 2% e a recapitalização do Banco 'Monte Paschi' em 5 mil milhões de euros são sinais das dificuldades com que os italianos se confrontam.
As explicações para os aumentos de juros de dívida pública não encontram eco no estilo interventivo gratuito da presidente do CFP, mas em causas diversas e complexas a nível global. 

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