Arrumei a viola a um canto, convicto
de que seria por tempo escasso. Todavia, a previsão falhou. Os segundos, os
minutos, as horas e os dias correram incessantes e longos sem dedilhar um dó, um
ré, um fá ou qualquer outra nota. Em tom grave ou agudo. Igualmente jamais entoei
uma balada ou melodia, em escala maior ou menor, durante extenso período.
Os solos, vibrados pela viola ou
desafinados pela voz, esvaziaram-se, portanto, de solfejos. Outras composições
musicais, pesadas sinfonias da vida, condicionaram os movimentos e o canto.
Compromissos familiares e profissionais soaram com fragor sinfónico absolutista.
E, durante a vigorosa sinfonia,
tantos temas desprezados para os meus desabafos a solo: o PM, de ar de
crescente autoritarismo, crispado e às vezes bronco na linguagem. Sempre desrespeitoso
em relação aos cidadãos. As asneiradas de Paula Teixeira da Cruz e as
trapalhadas do matemático Crato – o notável cientista, presumido sabedor do
teorema fundamental da álgebra, do teorema do isomorfismo de Noether e de muitos
outros a que se acrescem as teorias de Galois ou do Lema de Gauss, revela-se
incapaz de solucionar a equação elementar de determinar quantos professores são
necessários para leccionar nas escolas públicas; as quais, também por
iniciativa dele e da antecessora, nos limitam a um sórdido parque escolar a que
o País ficou condenado, de muitas escolas encerradas e em decadência.
Há outras matérias para as minhas
populares ‘cantatas’: o OGE 2015 da amanuense Albuquerque. Acima de tudo, é uma
farsa eleitoralista, como o classificou Helena
Garrido – estou a citar a directora do ‘Jornal de Negócios’, e não Jerónimo
de Sousa ou o João Semedo.
Todo este estendal de roupa
esfarrapada e encardida escapou às rotinas dos meus ‘solos’. São oportunidades perdidas, mas que espero ver ressarcidas… desde que a vida me deixe.
Sem comentários:
Enviar um comentário