O ‘Público’, sob
o titulo ‘O Ministro no seu Labirinto’, divulga em pormenor a vida de Nuno
Crato. Quase desde os tempos de berço. Trata-se praticamente de uma biografia
do matemático, estatístico e astrónomo, e também do político, que Pedro Passos
Coelho, o PM das calinadas e ofensas reles, escolheu para Ministro da Educação.
Diga-se que, no acto do anúncio
da formação do governo, me pareceu uma escolha acertada. Usufruía do prestígio
de professor dos quadros do ISEG-Instituto Superior de Economia e Gestão. Os
livros e escritos sobre o ‘eduquês’, pelas fundamentações e ideias expostas,
reforçaram a minha expectativa: num governo chefiado e composto por um PM e uma
fracção significativa de ministros e secretários de Estado sem qualidade; ao
menos, o ensino ficaria em mãos competentes, pensava eu. O episódio Crato
versus Relvas, culminado com o afastamento deste último, ratificou a minha opinião.
O homem, afinal, desiludiu-me
profundamente. A mim e creio que à estrondosa maioria dos cidadãos, onde não se
incluem, é claro, o José Manuel Fernandes e a Helena Matos. Estes, nas
tradições da cultura religiosa baiana, crêem profundamente que Crato foi alvo
de maldição de candomblé. Omolú, o mais
temível dos orixás, executou a imprecação: “Não
te deixo ser bom ministro e tens de ficar até ao fim do mandato a sofrer a
humilhação da incompetência.”
Orixás à parte, quem tenha um
pedaço de bom senso, residual que seja, é natural que fique perplexo com a
continuidade de Nuno Crato como ministro. O pedido de demissão irrevogável –
sim, desta feita mesmo irrevogável – teria sido, desde há muito, o desfecho
mais lógico. Assim, entendesse ele que o Ministro é o único responsável
por tudo quanto ocorre nas políticas essenciais do ministério que tutela. Pode delegar funções, mas
jamais se furta da responsabilidade de quem lidera.
E mais a mais, todo este
arrastado processo de colocação de professores, nunca visto em tempos
anteriores, prossegue, sem que Crato revele uma ponta de pudor. Ainda
estão por atribuir 300 horários nas escolas, segundo o ‘Expresso’. Todavia,
nem há a demissão do ministro nem haverá uma forma mágica de eliminar os efeitos nocivos
para milhares de alunos. Irremediavelmente terão um ano lectivo decepado e de
baixíssimo proveito na aquisição de conhecimentos. Porventura, em muitos casos,
com repercussões nefastas no futuro. Sem aulas, o ensino está paralisado. Quem
é o responsável? Crato obviamente, embora as culpas se possam distribuir por
elementos da equipa por si dirigida.
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