Os jornalistas domésticos, deste pequeno
rectângulo, dedicam-se, na escrita, a um entretinimento de míopes e
interesseiros. Raramente ultrapassam figuras e episódios de âmbito nacional, em
textos críticos ou laudatórios em função de benefícios próprios, sectarismos e
promiscuidades a que estão vinculados. Claro que este diagnóstico não tem
dimensão totalitária, mas o objecto é suficientemente prevalecente, para o
sentirmos chocante.
Da falta de ética, a par de
outras, no desempenho de cargos políticos, eis dois parágrafos extraídos do
jornal ‘Público’ de hoje:
Em contraste, no ‘Der Spiegel’,
em denúncia cortante do capitalismo actual, e reflectindo uma visão ampla,
global, que a maioria dos nossos jornalistas, míopes e enviesados, se revela
incapaz sequer de vislumbrar, é possível ler o seguinte artigo:
“O
Sistema Zombie: como o capitalismo tem saído fora dos trilhos
Seis anos após o desastre do Lehman, o mundo
industrializado está a sofrer da síndrome do Japão. Crescimento é mínimo, um
outro acidente pode ser uma cerveja e o fosso entre ricos e pobres continua a
aumentar. A economia global pode ser reinventada?
Um novo chavão está a circular nos centros
de convenções e auditórios do mundo. Pode ser ouvida no Fórum Económico Mundial
em Davos, na Suíça e na reunião anual do Fundo Monetário Internacional.
Banqueiros polvilham-no nas apresentações; políticos usam-no para deixar uma
impressão em painéis de discussão.
O termo está agora mesmo a ser usado em
reuniões de carácter mais exclusivo, como foi o caso em Londres em Maio. Alguns
250 ricos e mesmo indivíduos extremamente ricos, do Presidente do Google Eric
Schmidt ao CEO da Unilever Paul Polman, reuniram-se num Castelo Venerado no Rio
Tamisa, a lamentar o facto de, no capitalismo de hoje, haver muito pouco para a
esquerda diminuta e para as classes de rendimentos mais baixos. O ex-presidente
dos EUA, Bill Clinton, denunciou falhas com a “distribuição desigual de
oportunidades,” enquanto a Directora Geral do FMI, Christine Lagarde, foi
crítica em relação aos numerosos escândalos financeiros. A anfitriã da reunião,
investidora e herdeira de banco Lynn Forester de Rothschild, disse que estava
preocupada com a coesão social, constatando que os cidadãos tinham “perdido a confiança
nos seus governos.”
[…]
Esta é apenas uma tradução
parcial. Quem pretender completar a leitura, pode aceder a este
‘site’.
Sabemos que, das individualidades
citadas no texto, algumas são contraditórias entre a acção e as ideias que
dizem defender. Christine Lagarde é um caso flagrante, a meu ver. Mas
fica registado que a desigualdade na distribuição dos rendimentos, na
actualidade, é também considerada como factor de destruição do sistema
capitalismo da pós-modernidade,
no parecer de alguns dos mais ricos do mundo.
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