Os desabafos à imprensa do Dr. António Passos Coelho, pai do PM, são pungentes. Compreendo-o, embora com
dissonâncias. O filho não o quis ouvir. Sofre, pois, pelas incapacidades e
dificuldades dele, na governação do País. Todavia, vive a conjuntura apenas no
âmbito da família. Ao que se percebe, firmemente desejosa da comemoração
efusiva da cessação de funções governativas do Pedro – será o regresso
tranquilo ao lar e ao emprego bem remunerado que um amigo, talvez Correia ou de
apelido diferente, lhe assegurará.
Com o devido respeito, por quem
tem 87 anos de idade, é necessário lembrar o Dr. António de que o filho, por desmedida
ambição e impreparação, tornou ainda mais pungente a vida de mais de
três milhões de portugueses – os desempregados, os trabalhadores precários, os
funcionários públicos, os reformados e pensionistas espoliados através da
eliminação de subsídios de férias e da taxa de ‘Contribuição Extraordinária de Solidariedade’;
tudo isto a par de outros desmandos fiscais e legal-laborais com que o governo,
às ordens do filho Coelho, tem fustigado brutalmente os portugueses. Não poucos
até à miséria.
Talvez, como sucede a muito boa
gente, o pai Coelho nunca tenha conhecido o suficiente do carácter do filho
Coelho, em aspectos que escapam a muitos pais: a desmedida ambição de conseguir
o poder, as companhias políticas pouco recomendáveis com quem emparceirou; a
falta de preparação profissional e científica para domar o fanático ministro
Gaspar – entre membros da mesma confraria, neoliberal, e sobretudo em momentos
de exercício de poder, os laços apertam-se, com o mais forte a escolher
caminhos para levar pela mão o frágil. Para cúmulo, sendo este último arrogante
e ignorante das limitações que o condicionam.
Com tantas deficiências, nunca
sequer percebeu a grave situação que o País atravessa há anos, suscitada por
causas endógenas desde Cavaco Silva (Ernâni Lopes foi, de facto, o último dos
competentes a dirigir as finanças públicas), causas essas a que acrescem o
trágico erro da criação e nossa adesão à Zona Euro, sem regras de enquadramento
económico, fiscal e orçamental para os países constituintes. A Passos Coelho,
PM, apenas interessou o poder pelo poder. Por capricho e vaidade. Obedeceu a
Merkel e Gaspar, eis o que conseguiu.
Oxalá Dr. António Passos Coelho festeje rapidamente em família o regresso do “filho pródigo, ambicioso
insano e, ao que diz, arrependido” e que venha alguém que saiba cuidar dos
portugueses velhos e novos, dotado de forte personalidade e de capacidade para
transformar a desumana política de austeridade de que o seu estimado filho é fidelíssimo
e cruel impulsionador.
Oxalá, repito, festeje em breve e
alegre o regresso do Pedro. Em muitos outros lares, com água, vinho baratinho e
refrigerantes de marca própria, estou certo, também se comemorará com euforia
não o regresso, mas a partida dele e da companhia inteira – espécie de retirada
do ‘circo maldito’, celebrada efusivamente pelo povo da aldeia, cansado de
pesados feitiços.
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