Há muito que Schäuble e Gaspar se converteram no
par do mais intenso enlevo austero-financeiro da Zona Euro.
O ministro alemão cumpre os rituais de autoridade
germanófila, tradicionais na história do seu povo em situação de domínio – claramente
desde o século XIX, é a mais belicosa das comunidades nacionais europeias e sempre
ambicionou ser potência dominante e subjugadora.
Gaspar, de ar de pedinte, comportou-se dentro do
estigma da ‘nacional-humildade’ e da ‘obediência’ que é o estilo prevalecente
do nosso governo perante a chanceler e o ministro das finanças da Alemanha.
O episódio noticiado poderia ser mais uma fórmula objectiva
e realista para a reprodução de novo conto ‘Homem Rico, Homem Pobre’.
Submisso e com mil vénias, Gaspar alcançou o assentimento
de Schäuble no sentido do Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), banco público alemão, vir a apoiar PME portuguesas.
Primeiro, esclareça-se que, ao jeito de muitas
outras reestruturações da sociedade alemã no pós-2.ª guerra, o KfW foi erigido com dinheiros do Plano Marshall, sob a designação, em português, de Instituto de Crédito de Reconstrução – o
processo de alavancagem da Alemanha pós-1945 beneficiou de perdões de dívida, de limitações de juros,
de gnerosos contributos dos países vencedores do conflito - a criação deste banco
foi mais um resultado da ajuda ocidental.
Segundo, não é claro por que condições – critérios para
a selecção dos beneficiários, estatuto de participações no capital, dividendos, taxas de juro e prazos de reembolso, por exemplo –
se pactuará o apoio, criado pelo enlevo financeiro entre os dois governantes.
Terceiro, se o apoio em causa se transformar em
instrumento de concorrência à banca nacional, esta que está debilitada, dito em
surdina mas é a realidade, mais débil ficará.
Quarto, são muito poucas as PME que laboram a 100% em
exclusivo para mercados externos, prevendo-se que o plano de ajuda esteja vocacionado para as PME exportadoras. Se a austeridade, o investimento e a procura
interna continuarem a degradar-se ao ritmo da recessão que nos tem atingido
pesadamente, sucederá com os prometidos fundos do KfW o que banqueiros
nacionais têm alegado acerca do financiamento às PME: não financiam muito, pura
e simplesmente porque não existem projectos suficientes e credíveis.
Quinto e último ponto. No fim - daqui a alguns
meses ver-se-á - este acordo Schäuble-Gaspar ou será sonho quimérico ou funcionará
insipidamente. Há um objectivo que o mesmo já serviu: o reforço do servil
Gaspar junto do poderoso ministro das finanças alemão, com vista a progressos carreiristas
a curto ou médio prazo – já se diz que o fulano integrará o BCE… se este e o
euro perdurarem, claro.
(Adenda: Schäuble ignora e perdoa os constantes erros das folhas de 'Excel' de Gaspar).
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