Talvez um dia o Martim, adolescente empresário
das T-Shirts estampadas, venha a engrossar a lista dos clientes de um paraíso fiscal, quem sabe!? Decerto, os
trabalhadores, a quem paga o ‘smn’ de 485,00 € mensais brutos, serão lançados em
báratros de indigentes, sob os
aplausos eufóricos de jovens sociopatas.
Este é um mero exemplo isolado de como
funciona o retrocesso social ou as políticas anti-sociais, segundo os cânones e
a ordem litúrgica do neoliberalismo; em especial, na Europa periférica que é a
zona geográfica onde nos inserimos, em convívio com a dura crise do capitalismo desregulado.
Se, como mandam as regras,
quisermos desviar a observação do arbusto Martim para a floresta no todo, então comecemos por inventariar os 14 biliões de euros hoje parqueados – é recomendável usar o economês – em paraísos fiscais; desse total, 9,5 biliões são originários da Europa.
Outra curiosidade: no universo
dos ditos paraísos, integram-se Luxemburgo, Holanda, Chipre, Malta, Irlanda e
Letónia, países da UE, assim como os protectorados de Andorra (França),
Gibraltar (Reino Unido) e Aruba (Holanda) - 2-1 a favor dos imaculados monárquicos.
E Portugal? Os grandes
empresários do PSI-20 têm, como sabe, o afago fiscal da paradisíaca Holanda.
Todavia, há mais. Segundo o ‘Expresso’, a fraude e a evasão fiscal custam ao País
12 mil milhões de euros, em perdas de receitas pelo Estado. Mais 1,5 mil milhões do que o défice orçamental de
2012 (10,6 mil milhões de euros).
Ontem, em Bruxelas, tivemos uma
minicimeira sobre ‘fraude e evasão fiscal’. Como é habitual, deixou tudo em “águas
de bacalhau”, i.e., “tudo como dantes quartel-general em Abrantes” – atente-se nas
declarações do caricato presidente, sem poderes, do Conselho Europeu, Rompuy. Caso houvesse coragem e determinação dos políticos, as acções atingiriam os multimilionários, embora subsistam países relutantes a desbloquear
o sigilo bancário. À semelhança do que sucede no seio do
G-20, a prudência recomenda que se avance um passo e de seguida se recuem três, assim se pensa na UE.
Grande parte dos dados que a
imprensa portuguesa hoje divulga foi colhida de estudo da Oxfam, ONG que
integra 17 e não 13 organizações de vários países e foi fundada em 1942 em Oxford
(Comité de Oxford de Combate à Fome) – uma pequena curiosidade: durante a II Guerra teve o mérito de convencer
o governo britânico a permitir a remessa de alimentos às populações famintas da
Grécia, então ocupada pelos nazis e submetida ao bloqueio naval dos aliados.
O relatório da Oxfam tem o
título, traduzido para português, a seguir descrito:
Imposto sobre os bilhões de "privados" agora guardados em paraísos seria suficiente para acabar com a pobreza extrema do mundo duas vezes
Do texto, traduzo as declarações de
Kevin Roussel, membro da organização:
Esmagados pela
máquina de poder financeiro ilimitado, é imperioso lutar contra a Merkel, o
Schäuble, o Gaspar, o Pedro, o Rajoy e todos os seus pares para que, da
destruição objectiva dos paraísos fiscais, se reponha nesta Europa envelhecida
e decadente a dignidade humana a que velhos e novos, independentemente da
nacionalidade, da crença ou descrença religiosa, da profissão, da cor de pele,
têm direito. De forma a livrá-los do abismo da pobreza e da miséria. Lutemos contra a propagação da indigência!
Continuemos o combate. Quanto ao Martim…cagarim!,
cagarim!, como diria um brasileiro amigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário