O empreendedorismo é considerado,
em meios políticos e académicos, uma espécie de punção mágica de combate ao
desemprego. Assenta no recurso a projectos empresariais de iniciativa pessoal
ou de um número restrito de empreendedores, aspirando ser portadores de
inovação – a propósito: o que é feito do jovem empreendedor Martim que foi
revelado ao país como uma preciosidade do desenvolvimento empresarial a mandar
pintar camisolas?
O
falecido João Pinto e Castro (JPeC) desmontou clara e objectivamente que o
conceito de empreendedorismo, inerente à ideia de sucesso na criação de
emprego próprio, é fenómeno comum de países menos desenvolvidos, com economias estruturadas
em tecido onde predominam microempresas. O empreendedorismo de êxito
internacional, disse e demonstrou JPeC, é em regra um sucedâneo de grandes
empresas e não de iniciativas de carácter individual e voluntarista.
Tenho estima e admiração por
Nicolau Santos (NC), um dos poucos jornalistas económicos honestos e
competentes nos conteúdos que redige e publica. Todavia, nem ele
escapou ao entusiasmo cego à volta da YDreams, empresa tecnológica, Prémio
Pessoa de 2006, e comandada pelo Professor
Catedrático, António Câmara, no cargo de CEO.
A YDreams, dizia-se, tendia a ser
a Google portuguesa. Agora, endividada
em 18 milhões de euros, está a tentar salvar-se através do PER (Plano
Especial de Revitalização). Oxalá atinja o objectivo de sobrevivência. Acima de
tudo, conseguir a preservação de mais de uma centena de postos de trabalho, de
especialização tecnológica, ameaçados de desaparecer. Todavia, as dívidas são
demasiado elevadas – o Novo Banco, nascido velho, regista o maior crédito: 7,7
milhões de euros – e a revitalização parece-me comprometida.
Este ‘case study’, tal como o do BCP, ficará para a história
económico-social portuguesa. É desejável que fique também como paradigma do que
não deve fazer-se nem elogiar sem conhecimento profundo da viabilidade futura de cada projecto.
O nosso jornalismo económico é de baixa qualidade e precipita-se com frequência a valorizar projectos e empresas, cujos perfis económicos e financeiros, a qualidade da oferta e da estratégia desconhece. Foi, em minha opinião, o caso da YDreams, com a figura do Professor António Câmara muito mediatizada e sem a avaliação de mérito do projecto que um analista autêntico não pode dispensar.
O nosso jornalismo económico é de baixa qualidade e precipita-se com frequência a valorizar projectos e empresas, cujos perfis económicos e financeiros, a qualidade da oferta e da estratégia desconhece. Foi, em minha opinião, o caso da YDreams, com a figura do Professor António Câmara muito mediatizada e sem a avaliação de mérito do projecto que um analista autêntico não pode dispensar.
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