Parlamento Europeu |
Alexis Tsipras, recebido entre
aplausos e vaias, discursou no Parlamento Europeu. Segundo o ‘El
País’, argumentou:
"A Grécia tornou-se praticamente falida
porque há muitos anos os governos criaram um Estado permissivo do clientelismo
e da corrupção".
E ainda:
"Temos de ser honestos: o dinheiro que
tem sido dado à Grécia nunca chegou ao povo grego. São fundos que foram salvar
bancos gregos e europeus." [Estão em causa 320.000 milhões de euros -
muito dinheiro! acrescento eu]
Em suma, Tsipras diagnosticou com
precisão quem (governos do Pasok e Nova Democracia) e como (financiamento de
bancos estrangeiros e nacionais programado pela ‘troika’) a Grécia foi conduzida ao desastre herdado pelo Syriza.
A completar as vaias próprias de
uma direita autoritária e arrogante que se sentiu ferida pelo referendo e sobretudo
pela claríssima vitória do ‘Não’ às propostas dos dirigentes europeus, o
germanófilo presidente do Partido Popular Europeu, Manfred Weber, invocando
também os novos sudetas, eslovacos e
finlandeses, usou um estilo de pesporrência reles e ofensiva para afrontar
Tsipras:
"A Europa já não confia em você para
negociar"
Com que legitimidade o asqueroso
fala em nome da Europa como um todo, para aviltar o chefe do Governo Grego de
forma humilhante? O Sr. Weber, de quem Coelho e Portas são aliados, não está
mandatado para falar em nome de milhões de europeus com opções políticas
adversas àquela que perfilha. E como infringiu as regras elementares da
democracia, sujeitou-se ao protesto da ala esquerda do PE, ao qual reagiu do seguinte modo dirigindo-se Tsipras:
“Os extremistas da Europa aplaudem-no!”.
Em sentido oposto, valeu também a
moderação do presidente do Grupo dos Social-Democratas, Gianni Piatella, que
excluiu a hipótese de um futuro da UE sem Tsipras.
No rescaldo deste debate e de
outras reuniões do Eurogrupo e muito provavelmente do Conselho Europeu, esta
última no Domingo, antevejo a possibilidade do ‘Grexit’ se transformar em realidade. A Bloomberg, aqui,
faz a seguinte avaliação:
“Tsipras terá poucos simpatizantes na
Cimeira do Conselho da Europa. Alemanha, Holanda e Finlândia ancoraram o
orçamento apertado desde que a crise da dívida eclodiu em 2010; Irlanda e
Portugal observaram condições estritas para completar os seus próprios pacotes
de auxílio e são relutantes em ver a Grécia sair mais facilmente.”
O risco da saída da Grécia da
Zona Euro é, a meu ver, muito elevado e Portugal lá estará para ajudar à
expulsão e posteriormente sofrer as consequências; expulsão do euro essa,
diga-se, que como também sublinha a Bloomberg:
"O Direito Europeu trata o euro como
"irrevogável" e não prevê um país a sair ou a ser empurrado para o
exterior."
Aguardemos, admitindo não vir a obter-se nada de bom para os gregos, a partir das deliberações dominantes da
despótica Alemanha de Merkel, Schäuble, Weber e outros germanófilos e ainda dos
parceiros pró-germânicos. A velha Grécia está, de facto, sujeita a um jogo
muito complexo da 'Euro-Roleta'.
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