Carlos Costa em prece |
As cumplicidades com o governo catapultaram
Carlos Costa para novo mandato de governador do Banco de Portugal (BdP). A
obediência ultrajante ao BCE, que capturou a soberania de Portugal em termos de
sistema financeiro, também ajudou.
O BdP é um sólido abrigo de luxo
e perpétuo de numeroso grupo de economistas, advogados e políticos. Independentemente
do tempo de serviço, beneficiam de reformas douradas. Os quadros do banco
central, os “Rosalinos”, e outros trabalhadores da instituição também contam
com regalias ofensivas, nos momentos da crise sofrida pela população
portuguesa.
Uns atrevem-se a acusar as
famílias de terem escolhido o endividamento bancário como suporte de vida.
Poucos reconhecem que aforradores como os do ‘papel comercial do BES’, apesar
da escolha de economizar, vêm e sentem-se impotentes perante a apropriação das
poupanças.
Carlos Tavares, da CMVM, defende
que o dito papel comercial deveria ser convertido em obrigações subordinadas do
Novo Banco, o que, em si, já constitui um risco elevado de perda do capital.
Todavia, o
Sr. Costa opõe-se à medida preconizada pela CMVM. Argumenta não se afigurar
viável. No fundo, por instruções do Sr. Costa, o BdP emitiu em 14 de Julho um
comunicado em que declara, no ponto 8, o seguinte:
“8. Acresce que, sendo o Novo Banco uma instituição de crédito
significativa para efeitos do Mecanismo Único de Supervisão, os efeitos
prudenciais de uma eventual transacção teriam em qualquer caso de ser
apreciados pelo Banco Central Europeu, na qualidade de autoridade de supervisão
prudencial do Novo Banco.”
Não existe forma mais explícita
de proclamar que, afinal, a banca nacional e os portugueses estão submetidos à
poderosa tutela do BCE, sem que essa subordinação tenha sido sufragada – Rajoy
está a anunciar, hoje, que vai submeter à votação do Parlamento de Espanha a
participação do seu País no programa de resgate (?) da Grécia. Faz-se o que
convém ao poder.
Ou há uma transformação profunda
do regime e regras do exercício democrático na UE, e na Zona Euro em especial,
ou esta Europa degradar-se-á até à evaporação, valendo-nos – oxalá! - o fim do autoritarismo
da Alemanha e seus aliados. A protecção dos poderosos, em particular de quem
domina os sistemas financeiros, há-de ter um fim.
Há ainda diversas questões adicionais
impossíveis de esquecer:
- · Terá o Sr. Costa e a sua equipa de tecnocratas feito tudo a quanto estavam obrigados para evitar o descalabro do BES e o prolongamento de Ricardo Salgado e outros como administradores até à destruição do referido banco? [é público e notório que não!]
- · Terão as equipas e a supervisão do BdP do Sr. Costa averiguado os argumentos com que aos balcões do BES foi promovido e vendido o ‘papel comercial’ a clientes sem conhecimentos suficientes de ordem financeira ou mesmo a iletrados financeiros? [É opinião generalizada de que esse tipo de diligência não foi feito].
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