quinta-feira, 24 de setembro de 2015

BMW imita VW no escândalo da emissão de gases poluentes

Se nos dermos à tarefa de recuar aos tempos da Prússia, conclui-se sem esforço que a Alemanha foi desde sempre a 'pátria da assepsia'. 
Nos primórdios da história, os prussianos foram os primeiros a realizar acções de limpeza dos habitantes de territórios vizinhos, acabando em anexações. 
Prosseguiram o processo até à grande higienização executada através holocausto hitleriano, onde se estima que tenham sido exterminados - limpos - mais de 6 milhões de vidas humanas, maioritariamente de judeus.
Terminada a 2.ª Guerra, a Alemanha Ocidental, hoje integrada com a ex-RDA sob influência da URSS, foi bastante auxiliada financeira e humanitariamente, sobretudo através do Plano Marshall. 
Na sequência da doutrina utilitária adoptada, a nova Alemanha, pós-1945 e muito mais nos últimos anos, conseguiu projectar-se como o país das grandes virtudes. Das insígnias mais usadas, destaca-se a teoria de que 'o que é alemão é bom!" , assim como a imagem de país asséptico. De Munique a Bremen, pode lamber-se qualquer rua, banco de jardim ou coisa do género, sem correr o risco de ingerir uma bactéria patogénica. 
Em acto de traição à asséptica pátria, a VW usou um equipamento que serviu para ocultar, criminosamente, a emissão de gases poluentes de 15 milhões de viaturas, produzidas entre 2009 e 2015. Hoje, através 'Diário Económico' e a revista alemã "The Local", ficamos a saber que também a BMW comete o mesmo tipo de crime ambiental, ao enviar para o mercado carros de motor diesel, sobretudo o modelo X3, que emitem um volume de gases poluentes para a atmosfera equivalente a 11 vezes acima dos limites da UE - resultado: as cotações das acções em bolsa da marca já desceram   

Qual a posição da UE?  
Estamos a aguardar. As minhas expectativas de que a CE ou o Conselho venham a penalizar a Alemanha são nulas. Tanto como puniu o Sr. Juncker pelos desmandos de política fiscal que praticou como PM do Luxemburgo, ou a construção do muro húngaro pelo neo-fascista Órban.

Qual a posição do Governo Português?
O problema nem é a BMW, mas sim a VW. Temos de permanecer com comportamento de silêncio eucarístico. O ministro Moreira, especialista em matérias de ambiente, tem, pelo menos, de obedecer às ordens de Passos Coelho. Até Cavaco, sempre perspicaz e assertivo como ninguém, já avisou os jovens governantes que afrontar os alemães sobre este assunto, seria afrontar, naturalmente, a VW  e a Auto-Europa, que, em face do sucedido, já terá eventuais prejuízos da repercussão mundial do caso. Poderia ficar mais rapidamente com a sobrevivência ameaçada. Chama-se a tudo isto factores de 'soberania condicionada'. É isso, somos um povo soberano condicionado.

2 comentários:

  1. Lido algures:

    "Pertencendo ao mesmo grupo WW, a Seat deve ter os mesmos problemas, pois utiliza o mesmo motor"

    E proibiu o Costa de circular na baixa de Lisboa os carros matriculados antes do ano 2000. Circulam novinhos e a despejar CO2 acima da legislação.
    De notar que IUC utiliza as emissões de CO2 para o respetivo imposto.

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  2. Depois de publicar o 'post', li que igualmente a Seat', do grupo VW tem problemas idênticos.
    Tanto quanto sei, e sem o objectivo de defender este ou aquele, um amigo engenheiro da CML disse-me há meses que há medições na cidade, em especial no centro, de CO2 e que os volumes encontrados ultrapassam os limites estabelecidos no protocolo respectivo, obrigando a pagamentos anuais complementares superiores a 300.000,00 euros.
    Obrigado pelas observações. É sempre importante trocar opiniões e informação. Um abraço, CF

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