Dito em linguagem de navegação aérea, o Banco de Portugal "borregou" duas vezes na venda do Novo Banco diante dos chineses de Anbang, em primeiro lugar, e agora face ao grupo Fosun.
Na vaga crença de que às três é de vez, será tentada a venda aos norte-americanos da 'Apollo'. O sucesso não é garantido. "Apollo" é o mesmo do que Apolo, o deus da mitologia grega que conquistou a Geia o oráculo de Delfos. Se os homens da 'Apollo' encararem a transacção do Novo Banco como uma serpente, teremos mais um insucesso, neste caso divino.
"Apollo" em romano ou Apolo em grego - é o mesmo - é quem terá a última palavra que, tudo indica, não terá em conta nem deixará de ter o conselho de Cavaco Silva aos portugueses:
"Deixemos o Banco de Portugal fazer o seu trabalho que terá todas as informações, que nós não conhecemos..."
Esta do "deixem trabalhar" é um velha tirada da oratória de Cavaco. Surgiu quando foi PM e, como se conclui, veio para ficar.
Outro aspecto interessante desta intervenção do PR é a expressão "informações que nós conhecemos", integrando-se ele próprio na vasta comunidade de cidadãos portugueses que ignoram, de facto, o que Carlos Costa e a sua equipa do BdP sabem da matéria. E, além de interessante, a frase revela-se também contraditória se justaposta ao lado das afirmações que, segundo a TSF, proferiu sobre a matéria, na Coreia do Sul, em Julho de 2014:
"O Banco de Portugal tem sido peremptório e categórico a afirmar que os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cumprir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa", afirmou Cavaco Silva
Questão de memória ou de falta de honestidade intelectual? Não importa a classificação, porque ao menos confirma-se que Cavaco é um Chefe de Estado de comportamentos e discursos contraditórios. Já o sabíamos e o recorde da popularidade negativa nas sondagens não é mero fenómeno do acaso.
Outra proclamação da retórica presidencial denunciadora de facciosismo, a favor da coligação de Coelho e Portas, consiste em expressar que "o governo não deve interferir na transacção do Novo Banco". Compreendo que, como sempre o fez, Cavaco tente proteger o governo que temos, mas de forma tão impudente é inaceitável.
Deve-se lembrar que, embora o PM e a Ministra das Finanças tenham assegurado que não haveria custos para os contribuintes, foi com o dinheiro destes que valeu em cerca de 4 mil milhões de contos à capitalização do Novo Banco pelo Fundo de Resolução. Argumentam que essa verba não afecta o défice. Se o Novo Banco permanecer nas mãos do Estado - do governo., só o Eurostat estará em condições de decidir se o défice de 2014 se fixa realmente nos 4,5% anunciados ou se superará os 7%.
Aguardemos porque o romance ainda está longe do desenlace e, do conjunto de todos os cidadãos que pagam impostos, há a destacar a apropriação das poupanças dos 'Lesados do BES'.
Uma última nota, retirada do 'Diário Económico' on-line:
Se isto não augura uma nova intervenção do governo no dossier 'Novo Banco', então qual será a entidade responsável pela contratação deste acréscimo de dívida pública? Cavaco não "expilica"...
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