O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, é um crânio. Todavia, em matéria de álgebra, geometria do gesto e até de simples aritmética, é mesmo um crânio furado, sem capacidade de filtrar erros, mentiras e mistificações.
Desembaraçado no discurso impensado, a propósito dos 3,9 milhões de euros financiados ao Fundo de Resolução (FR) pelo Governo, transmitiu categoricamente a seguinte mensagem:
"Os 3,9 mil milhões de euros concedidos pelo governo ao FR já renderam 120 milhões de juros e, enquanto não se concretiza a venda do Novo Banco, as contas públicas continuarão a beneficiar de juros."
Falso, digo eu e também a imprensa especializada; neste caso, o "Diário Económico".
É, de facto, grave, que Passos Coelho, economista de formação, ignore que o Fundo de Resolução é uma das entidades que passaram a integrar o núcleo das Entidades Públicas Reclassificadas (EPR). Os juros que liquida ao Tesouro são considerados despesa e receita públicas e, consequentemente, o resultado do pagamento e do recebimento dessa verba é nulo em termos do Orçamento Geral do Estado.
De resto, Miguel Cadilhe, este sim economista a sério e de quem discordo ideologicamente, ratifica a regra da equivalência de juros a despesa e receita públicas, ao afirmar:
"O Estado faz parte do subconjunto das Administrações Públicas e encaixa os juros do empréstimo. Mas como o Fundo de Resolução está nas Administrações Públicas, este efeito anula-se na consolidação do sector."
Contas à Coelho, o homem de tantas idas a Bruxelas e com a amanuense Albuquerque à mão, ainda desconhece as regras da UE para as contas do Estado.
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