segunda-feira, 11 de março de 2013

Klaus Regling, o propagandista alemão

Amanhã estará em Lisboa Klaus Regling, director executivo do FEEF e do MEF. Vem em missão de propaganda e promoção da política de austeridade que nos está a ser imposta. A leitura da entrevista concedida ao 'Público' é recomendável, para se perceber quem é e que ideias e interesses representa esta deplorável figura alemã, certamente muito próxima de Merkel e de Schäuble.
Lembremos os trabalhos, equipamentos e financiamentos de bancos do Norte da Europa a autoestradas, PPP, submarinos e, em 2004, 'Jogos Olímpicos' e Metro de Atenas para se ter uma ideia do processo de endividamento dos países periféricos; endividamento esse que, no total, comporta a parcela da dívida pública e, no caso português, outra no valor do dobro respeitante à dívida do sector privado, quase exclusivamente banca.
Será útil tomar em consideração que os subsídios europeus, os tais fundos filantrópicos, fixaram-se em 60% ou 70% das obras subvencionadas, motivo por que a verba complementar de investimento foi-se transformando em dívidas a níveis, de facto, insustentáveis.
Uma UE, e sobretudo uma 'Zona Euro', solidária e respeitadora da soberania dos Estados mais frágeis, deveria ter cuidada concepção e execução das políticas de ajuda,  respeitando a chamada coesão social, tão apregoada pelos primeiros dirigentes da CEE, entre eles Jacques Delors.
Toda esse ideal de coesão, que parecia inalienável, não passou de palavras e de tratados de nulo efeito, em prejuízo dos países menos desenvolvidos. Criar uma zona moeda única, sem cuidar de sustentar com adequada unidade económica e fiscal foi fatal para países como Portugal, a Grécia, Espanha e até Itália - é inadmissível que Luxemburgo e Holanda, integrados na mesma moeda, pratiquem agressivas políticas fiscais, em concorrência com países do mesmo espaço monetário.
Regling, além das funções actuais, foi Ministro da Alemanha e quadro do FMI. Não surpreende, portanto, que ao longo da entrevista, e através de falsidades e propaganda balofa, enalteça a austeridade e as medidas do sinistro FMI.
Desmascaramos algumas das ideias transmitidas pelo 'neoliberal' Regling, recorrendo a Stiglitz, ex-conselheiro de Clinton e ex-vice presidente do Banco Mundial:
 
- Quando o FMI e o Estado brasileiro, por exemplo, gastaram cerca de 50 mil milhões de dólares para manter a taxa a um nível sobreavaliado no final de 1998, para onde foi o dinheiro?  (página 254).
- Em 1994, o presidente Clinton encorajou frequentemente em termos bastante favoráveis (com sugestões de corrupção a "olear" as rodas para prejuízo do povo indonésio) (página 115).
- Também o Banco Mundial encorajou empresas privadas do sector de energia a investir neste (Indonésia) e noutros países, como o Paquistão. Estes contratos incluíam cláusulas em que o Estado era obrigado a adquirir grandes quantidades de electricidade a preços muito altos (página 115).
-...Quando o FMI impôs cortes nas despesas e o aumento de impostos, desencadeou uma espiral de recessão e de caos social [Argentina] (página 113).
- De todos os erros cometidos pelo FMI, os mais flagrantes foram talvez os de calendário e de ritmo, e a insensibilidade ao contexto social mais amplo - ... (Página 117)
 
(Observação: as páginas indicadas referem-se ao livro 'Globalização - a Grande Desilusão' de Joseph Stiglitz)
 
 
 

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