sábado, 9 de março de 2013

Hasta siempre commandante


'Hasta siempre commandante' ainda é canção emblemática dedicada a Che Guevara. Publico-a ao jeito de homenagem póstuma a Hugo Chávez - este é o meu primeiro escrito dedicado ao falecido presidente da Venezuela.
No conceito de 'democracia iliberal' do ensaísta norte-americano, Fareed Zakaria, a democracia esgota-se no direito do povo a eleger os políticos. Estes, uma vez eleitos, com frequência desrespeitam aquilo que Zakkaria designa por 'constitucionalismo democrático'; ou seja, as regras fundamentais e disciplinadoras do exercício democrático do poder - a liberdade de expressão, o respeito pela propriedade privada e outros parâmetros de liberdades da vida em sociedade.
Por influência destes conceitos, e de um populismo que a imprensa ocidental denunciava insistentemente, nunca fui adepto incondicional de Chávez. É oportuno, contudo, reconhecer que o que se passou na Venezuela de Chávez, não é essencialmente diferente do que sucede na Rússia de Putin, igualmente eleito, na Índia, em Angola e em diversos países onde o homens do poder são eleitos - vamos esquecer os oligarcas da China, bem como os regimes da Arábia Saudita e dos Emiratos, onde os processos eleitorais são farsas ou nem sequer existem, além de direitos humanos negados.
Dominado pelas cenas de milhões de cidadãos que, de vários pontos da Venezuela, têm vindo dar o último adeus a Hugo Chávez, sou compelido a reconhecer que, afinal e a despeito das minhas reservas, as políticas do falecido presidente da Venezuela têm merecido o reconhecimento de numerosos extractos populacionais desprotegidos e mesmo de indigentes, que os seus antecessores de direita ostracizaram décadas a fio.

Mas melhor do que as minhas palavras, este 'post' do meu amigo Ricardo Santos Pinto ilustra com clareza os progressos socioeconómicos do regime de Chávez, respeitado e considerado também pela maioria dos 'líderes' sul-americanos com quem foi, efectivamente, solidário - como alguém dizia há dias, a América do Sul teve Chávez, a Europa tem Merkel. Quem deve ser o preferido?
Termino como iniciei: "Hasta siempre commandante!", ontem por Che, agora por Chávez.  

2 comentários:

  1. Bonita dedicação, destila franqueza. Não conecia esta versão da canção. Ouvira muito a de Carlos Puebla.
    No meio da tanta maranha de intoxicação mediática acumulada, os indicadores económicos não enganam acerca do imenso valor da distribuição da riqueza implementada por Hugo Chávez. Aproveito que ainda ando por aqui com um jornal de ontem e recalco alguns dados:
    "Sem abrumar com os dados, entre 1998 e 2011, a porcentagem de venezuelanos em situação de pobreza passou do 43% ao 26%; aqueles que estavam em pobreza extrema passaram do 17% ao 7%. O consumo de alimentos cresceu um 27%. O número de pessoas com direito a uma pensão aumentou num 484% e a inversão em saúde pública
    passou do 1,5% do PIB ao 2,21%. Segundo a CEPAL, na última década Chávez destinou 400.000 milhões de dólares a gasto social."
    Deixo cá um artigo ao que cheguei através de "Viento Sur" e fiquei encantada de poder lê-lo em português:

    http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5999


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    1. Alexandra,
      Grato. Criticável sob o ponto de vista político, mas talvez não pudesse ser de outro modo, Chávez arrebatou o poder de ricos e privilegiados para minimizar a extrema miséria do povo venezuelano. Os dados são inequívocos a esse respeito.
      Li com extrema atenção o 'post' recomendado. É uma reflexão profunda, oportuna e necessária em todo o mundo. Mesmo aqui na Europa, onde estamos a ser devorados pelo FMI e outras instituições neoliberais, que outrora abocanharam a Argentina, o Brasil e a Bolívia.
      Obrigado e um abraço amigo,
      Carlos Fonseca

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