A falta de vontade política, desde
os principais líderes europeus a Obama, constitui o motivo imperativo da
subsistência de uma regulamentação permissiva e ineficaz do ‘sistema financeiro
internacional’.
Os desmandos dos sagrados
mercados e investidores, sem controlo, tornam-se consequência natural do que
sucede no mundo através de ‘paraísos fiscais’ e de mecanismos ardilosos e
imorais – se é que em termos de banca, os actos de poderosas organizações
financeiras podem ser avaliados segundo regras da moral ou da ética.
Os países mais frágeis, caso de
Portugal, tendem a ser os mais vulneráveis às práticas de insolência da
influente ralé de jogadores bolsistas e de gestores igualmente sem escrúpulos;
gentalha sem ponta de decoro que actua com cruel frieza e causa a destruição de
condições sociais de milhões de seres humanos.
Com a conivência, voluntária ou inconsciente,
da generalidade dos meios de comunicação social de maior influência na opinião
pública, catapultaram a vida colectiva para um regime de austeridade. Serviram-se
de falacioso argumento conducente à transformação em ‘crise de dívidas
soberanas’ do fenómeno de ‘criminosa especulação financeira’, iniciada nos EUA
com a liquidação do Lehman Brothers em 2007; e propagada à Europa, graças ao
elevado grau de integração do ‘sistema financeiro internacional’.
Os neoliberais no poder – caso de
Portugal – adoptaram e reforçaram com forte convicção as injustiças do PAEF, o
programa de austeridade do qual saímos artificialmente em 17-Maio-2014, mas sob
o qual na realidade permanecemos através de políticas de cortes e impostos, bem
como de outras medidas lesivas do Estado Social.
Um dos objectivos principais do
PAEF e do empréstimo da sinistra ‘troika’, FMI, CE e BCE, privilegiou
financeiramente a banca. Registem-se as parcelas de recapitalização bancária de 12
mil milhões de euros e de reforço do Fundo de Garantia de Depósitos e
do Fundo de Garantia de Crédito Agrícola Mútuo de 35 mil milhões de euros.
Salvar a banca, sob a desonestidade da encapotada necessidade de austeridade
imposta ao povo.
Se reflectirmos no ambiente e nas
condições ardilosas utilizadas, e em especial pelo capital financeiro à solta,
no qual se integram os tenebrosos ‘hedge
funds’ (ler
notícia do ‘Público’), apenas um míope, verdadeiro ou por conveniência,
terá a coragem de se surpreender que operadores especialistas em ‘fundos
abutres’ tenham amealhado uns milhões com a queda de valor das acções do BES.
O BdP governado por Carlos Costa,
propagandeado como supervisor de qualidade ímpar, tem óbvias responsabilidades.
Lembre-se a afirmação de Carlos Costa de que se tinha apercebido em Set-2013 de
irregularidades no BES; como é dito na gíria, deixou as raposas na capoeira com
as galinhas.
Para piorar o cenário financeiro
português, o PSI-20 registou, hoje, um ‘crash’ monumental – queda do índice calculada
em - 4,07%. O BCP, que procedeu recentemente a um aumento de capital de 2.250
milhões de euros, foi o recordista desse ‘crash’,
com uma redução de 15,07%; o valor das acções caíram para 8,79 cêntimos. Os
investidores que aderiram ao referido aumento de capital, ao preço de 6,5
cêntimos por acção, devem estar em ‘estado ansioso agudo’, combatido com doses
reforçadas de Xanax XR 3 mg. E o Dr. Nuno Amado poderá estar sujeito, penso, a
idêntica terapia.
Claro que a bolsa é um casino e o
futuro é imprevisível. Afinal, as condições legisladas no DL
31-A/2012 de 10 de Fevereiro, aplicadas pelo Dr. Carlos Costa e sua equipa, não
evitaram que, logo de início, o ‘velho BES’ e o ‘Novo Banco’ contaminassem o
sistema bancário.
Falta saber por quanto tempo.
Porém, tratando-se de um caso de feitiçaria de casino, só a Maia conseguirá
desvendar o segredo precocemente deste jogo de azar ou sorte.
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