A fadiga da austeridade, dos
discursos da crise, dos abundantes e variados números macroeconómicos
publicados; sim, essa intensa fadiga é motivo compreensível para afugentar os cidadãos de mais uma preocupação: o risco de deflação, muito elevado
em Portugal mas igualmente considerável na Europa do Euro.
Evito a repetição; porém, é irresistível
o convite à leitura deste
meu ‘post’ de 31-01-2014, referindo os receios de Draghi e Lagarde nessa
altura. E sublinhe-se que há 6 meses, as preocupações dos responsáveis máximos
do BCE e FMI fundavam-se numa taxa de inflação na Zona Euro de 0,7% em
Jan-2014, comparativamente a 0,8% em Dez-2013.
A despeito da forte redução das
taxas de juro de depósitos no BCE, as
notícias do Eurostat de 31-07-2014 - nem há uma quinzena, portanto – agravaram-se
para a Zona Euro. Com efeito, a inflação estimada para Jul-2014 é de 0,4%,
abaixo dos 0,5% de Junho passado.
Draghi multiplica-se em
entrevistas e a influencia notícias sobre o tema. A Bloomberg em 5-Jun-2014
publicava o seguinte texto:
Se a agitação de Draghi é
aquela que, de facto, das palavras se depreende, que dizer acerca da inflação
portuguesa? Já é negativa há 6 meses consecutivos!, segundo divulgado pelo ‘Público’,
com base em números do INE, em Julho de 2014, a variação homóloga do IPC
situou-se em -0,9%, 0,5 pontos percentuais (p.p.) inferiores ao observado no
mês anterior.
O governo de PPC que, a cada dia,
se ufana dos bons resultados (turismo, desemprego em queda (?), juros da dívida
historicamente baixos (?), consumidores confiantes), fosse através de um ministro, de
um secretário de Estado ou de qualquer ajudante, já deveria ter-se manifestado
perante a opinião pública a respeito desta crónica patologia a caminho da
deflação, a um ritmo extremamente acelerado.
É provável que calem deliberadamente o que devem dizer – A Dona Albuquerque tagarela, tagarela, mas a
este respeito remete-se ao silêncio. Vivem amedrontados com o que Alemanha
possa fazer, se denunciarem que este desfecho é o preço da austeridade, da falta de
rendimento das famílias e da falta de empregos, como dizia em Janeiro a
putativa Sra. Lagarde.
Necessitávamos de taxas reais
negativas ou pelo menos ligeiramente positivas, o que implicaria uma inflação da
ordem dos tais 2% que Draghi persegue mas não alcança.
Caso continuemos na mesma caminhada de há 3 anos, com
a ‘troika’ presente material ou espiritualmente, a probabilidade da deflação aumentará
significativamente. A situação económica do País tornar-se-á muito complexa,
mas tal risco parece não assustar os nossos (des)governantes. Estamos na hora
do Espírito Santo. Ámen!
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