Na entrevista concedida ontem na SIC N, ao infatigável jornalista pró-governamental Gomes Ferreira, o Dr. Vítor
Bento (VB) admitiu ser “provável” a redução de balcões e despedimentos no Novo
Banco. O ‘Público’
também refere a declaração do actual presidente do citado Novo Banco.
Igualmente ontem, em
‘post’ publicado neste meu refúgio, previ a inevitabilidade – conceito
muito distante da probabilidade de VB – do Novo Banco vir a encerrar balcões e
despedir trabalhadores.
Para afastar qualquer juízo de
terceiros no sentido de ser classificado de atrevido presunçoso, advirto
que a minha previsão não se funda na capacidade de genial presciente. Circunscrevi-me
ao espaço do uso do raciocínio próprio da lógica que Aristóteles, na Grécia
Antiga, instituiu como disciplina.
Se há evidência pública que
verbas da ordem de centenas de milhões estão a transitar do Novo Banco para
outros bancos, por iniciativa de depositantes alarmados e em fuga, é do mais
elementar e lógico raciocínio inferir que o mercado para o banco dirigido por
VB está a sofrer significativa redução de clientes. Logo, o encerramento de
balcões e eliminação de postos de trabalho será uma consequência natural e
inevitável do que está a suceder.
Compreendo que VB, em defesa do
sossego interno, se fique pela Teoria das Probabilidades. Todavia, já que a
utiliza, quem ajuíza do exterior poderá também sublinhar que a probabilidade de
derramar o sangue do despedimento sobre muitos trabalhadores do ex-BES é muito,
muito elevada.
O drama que a humanidade está a
sofrer com a falta de emprego – dos números relativos a jovens europeus é
melhor nem falarmos – esse drama, dizia, deriva de múltiplos factores, que
percorrem um caminho longo e recheado de trajectos acidentados, barreiras e abismos.
A cruel e a cada dia mais vasta desigualdade entre pobres e ricos deve-se a
várias causas, entre as quais a incapacidade do sistema económico repor os postos de trabalho profusamente
destruídos pela automatização.
E, em último apontamento, diga-se
que se houve sector que mais beneficiou da introdução das tecnologias de
informação e comunicação foi justamente o financeiro. Em Portugal, na banca,
deveriam ter sido eliminados muito acima dos 20.000 postos de trabalho nos
últimos 10/15 anos. O sistema de computorização de um banco tem a capacidade de
trabalhar sem intervenção humana uma noite inteira e realizar milhares de
operações – e já nem me refiro ao trabalho realizado pelos clientes nas caixas
ATM ou no ‘homebanking’. Uma agência bancária, hoje em dia, tem em média 3 ou 4
profissionais, na grande maioria dos casos.
Grande parcela dos ganhos de
produtividade proporcionados pelas novas tecnologias alimentaram a ganância dos
banqueiros e mesmo assim, em certos casos, não lhes bastou. Caso da família
Espírito Santo, por exemplo.
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