sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O Dr. Vítor Bento e a Teoria das Probabilidades

Na entrevista concedida ontem na SIC N, ao infatigável jornalista pró-governamental Gomes Ferreira, o Dr. Vítor Bento (VB) admitiu ser “provável” a redução de balcões e despedimentos no Novo Banco. O ‘Público’ também refere a declaração do actual presidente do citado Novo Banco.
Igualmente ontem, em ‘post’ publicado neste meu refúgio, previ a inevitabilidade – conceito muito distante da probabilidade de VB – do Novo Banco vir a encerrar balcões e despedir trabalhadores.
Para afastar qualquer juízo de terceiros no sentido de ser classificado de atrevido presunçoso, advirto que a minha previsão não se funda na capacidade de genial presciente. Circunscrevi-me ao espaço do uso do raciocínio próprio da lógica que Aristóteles, na Grécia Antiga, instituiu como disciplina.  
Se há evidência pública que verbas da ordem de centenas de milhões estão a transitar do Novo Banco para outros bancos, por iniciativa de depositantes alarmados e em fuga, é do mais elementar e lógico raciocínio inferir que o mercado para o banco dirigido por VB está a sofrer significativa redução de clientes. Logo, o encerramento de balcões e eliminação de postos de trabalho será uma consequência natural e inevitável do que está a suceder.
Compreendo que VB, em defesa do sossego interno, se fique pela Teoria das Probabilidades. Todavia, já que a utiliza, quem ajuíza do exterior poderá também sublinhar que a probabilidade de derramar o sangue do despedimento sobre muitos trabalhadores do ex-BES é muito, muito elevada.
O drama que a humanidade está a sofrer com a falta de emprego – dos números relativos a jovens europeus é melhor nem falarmos – esse drama, dizia, deriva de múltiplos factores, que percorrem um caminho longo e recheado de trajectos acidentados, barreiras e abismos. A cruel e a cada dia mais vasta desigualdade entre pobres e ricos deve-se a várias causas, entre as quais a incapacidade do sistema económico repor os postos de trabalho profusamente destruídos pela automatização.
E, em último apontamento, diga-se que se houve sector que mais beneficiou da introdução das tecnologias de informação e comunicação foi justamente o financeiro. Em Portugal, na banca, deveriam ter sido eliminados muito acima dos 20.000 postos de trabalho nos últimos 10/15 anos. O sistema de computorização de um banco tem a capacidade de trabalhar sem intervenção humana uma noite inteira e realizar milhares de operações – e já nem me refiro ao trabalho realizado pelos clientes nas caixas ATM ou no ‘homebanking’. Uma agência bancária, hoje em dia, tem em média 3 ou 4 profissionais, na grande maioria dos casos.
Grande parcela dos ganhos de produtividade proporcionados pelas novas tecnologias alimentaram a ganância dos banqueiros e mesmo assim, em certos casos, não lhes bastou. Caso da família Espírito Santo, por exemplo.

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