Intrujões encartados, os nossos
governantes silenciaram, sabe-se lá até quando, a propaganda da relação da
evolução da economia portuguesa com a queda dos juros da dívida, como conexão
de causa e efeito a expressar os méritos de uma falsa governação de sucesso,
marcada por fortíssima austeridade e o programa de ajustamento que, em conjunto
com o PS, PSD e CDS subscreveram com a ‘troika’–
como estavam felizes na ‘selfie’ Catroga
e Teixeira dos Santos; entende-se agora melhor por que razão Teixeira dos
Santos foi condecorado por Cavaco com comenda no último 10 de Junho.
Com efeito, o mito está guardado em lugar
muito recôndito. Deixámos, pois, de ler ou ouvir este género de declarações de
Marques Guedes, o porta-voz do governo:
É consabido, que todo o governo exultou
com a descida dos juros da dívida pública, recorrendo ao topete do mérito da
condução da política económica. Paulo Portas, com o ar que lhe é peculiar,
secundado por Pires de Lima, Passos Coelho e outros, exaltaram em sessões
públicas esse falso mérito.
Quem quiser saberá que os juros
constituem uma variável muito volátil e dependente de factores exógenos.
Sobretudo, para estados-membros com elevadas dívidas, caso de Portugal. As
medidas de política monetária do BCE sustentaram as quedas dos custos do
serviço de dívida, em especial nos países periféricos. Todavia, o conflito
programático da Zona Euro com a Grécia é o principal factor a impulsionar o
aumento dos juros de dívidas, à excepção da Alemanha que, a 10 anos, beneficia
de uma taxa de 0,7%, a qual nos últimos dias caiu da taxa de 1% que vigorava.
Segundo o ‘site’ investing.com,
Portugal teve uma subida dos juros a 10 anos de 83,4 pontos básicos (0,834%) nos
últimos trinta dias – a taxa actual é de 3,245% contra 2,411% de há um mês. Espanha
e Itália também registaram aumentos significativos.
Esta evolução nos valores dos
serviços de dívida nos países periféricos demonstram inequivocamente que o
comportamento das economias não a determina e, acima de tudo, que se o problema
grego não for solucionado de forma satisfatória para o mercado, os famosos
investidores, a ‘Zona Euro’, no que respeita aos países mais frágeis, poderá
entrar numa crise grave, admitindo-se mesmo o desmoronamento, pelo menos
parcial, da citada comunidade monetária. Os periféricos serão os países mais
afectados.
Aguardemos os factos futuros,
esquecendo as trapaças dos governantes.
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