Eça de Queiroz |
Tarde, mas tornei-me amigo e
apreciador de Sarah Adamopoulos; escritora, dramaturga, jornalista e bloguer do
‘Aventar’. A Sarah é uma mulher de cultura, detentora e ecléctica nos saberes e
conhecimentos que a distinguem como culta. A estas virtudes junta-se um talento
de comunicadora consistente e profunda, razão do grande apreço que jamais consigo
deixar de lhe dedicar.
Aproximar-me das qualidades da
Sarah Adamopoulos – ou da Carla Romualdo, outra pérola do ‘Aventar’ – seria mera
quimera, se a minha intenção fosse essa.
A Sarah publicou no Aventar o ‘post’
sob o título ‘Os
gregos limpam as armas’ que remete para um texto de Albert
Camus, de 1959, também inserido no mesmo blogue em 8 de Março de 2015.
Camus é Camus. Sou sempre um
leitor recorrente do escritor francês, nascido na Argélia. É sempre um
companheiro nos tempos de necessidade de depurar o espírito. Jamais o consigo
ler de uma penada e definitivamente. É um exercício permanente de leitura, de reflexão a
desvendar os mistérios do comportamento do homem e consequentemente da
sociedade humana.
Grato à Sarah, e sem o objectivo
de os comparar, lembro estas palavras de Eça de Queiroz a propósito de
Portugal e da Grécia:
“Nós Estamos num Estado Comparável à Grécia
Nós estamos num estado comparável,
correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento
dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de
espírito, mesma administração grotesca de desleixo e confusão. Nos livros
estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela
sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a
Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, e
a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o
museu humano beleza da arte.
Eça
de Queiroz, em ‘Farpas’ (1872)’.”
O texto é revelador da enorme
capacidade de premonição de Eça – o texto tem 133 anos – transformadora da sua
obra em intemporal.
Talvez fosse recomendável
enviá-lo a Cavaco, a fim de tentar fazer perceber o PR que as causas das
sociedades humanas não se analisam nem resolvem com operações aritméticas simples, subtracção
no caso: 18 = 19 -1.
Mas, pensando melhor, o que se espera de política feita com contas à moda do Sr.
Silva?
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