A inconsistência das “instituições”,
em relação à Grécia, é digna de reflexão. Há a incógnita que se levanta à CE, Eurogrupo,
BCE e ao FMI sobre os efeitos, e contágios, que podem impender sobre a Zona
Euro do colapso financeiro, bancarrota, da Grécia. De resto, é na acepção de
inquietantes dúvidas e tortuosas estratégias, que, a meu ver, hoje, Domingo, o BCE,
em reunião por teleconferência participada pelos governadores dos bancos
centrais – lá aparece o “nosso” Costa do BdP nas telas dos monitores –
deliberou manter o apoio à liquidez da banca grega, ao abrigo do programa
de emergência, ELA - Emergency Liquidity Assistance, na designação
anglo-saxónica.
Podem existir dúvidas nos
dignatários das “instituições” envolvidas. Todavia, para os autoritários conservadores
e socialistas dos areópagos de Bruxelas, referidos por Pacheco Pereira no brilhante
artigo, ´A
Europa que nos envergonha’, o objectivo estratégico é demasiado
evidente: afastar o Syriza do poder –
confesso que comecei por não ser entusiasta deste partido, mas do mesmo me
transformei em admirador pela coragem face aos altos poderes da Europa do Norte
e seus serventuários – Schäuble e os idiotas úteis do tipo de Dijsselbloem e
Maria Luís Albuquerque, por exemplo.
O desafio do referendo de Alexis
Tsipras, a acreditar nos resultados de sondagens que a imprensa divulga, pode
transformar-se em golpe de “hara-kiri” para o Syriza. E é este o trunfo com que
as lideranças europeias, neoliberais e despóticas, complementadas pela indecorosa
Lagarde, contam para fazer regressar ao poder a Nova Democracia e o Pasok, dois
partidos autores do crime da dívida, em conluio com Merkel e Sarkozy – os gastos
em equipamento militar germânico e francês, os dinheiros extorquidos pela
Siemens e outras sociedades internacionais, se devidamente somados, inundaram a
Grécia de uma dívida externa, pública e privada, astronómica. Os pensionistas e
assalariados que paguem a crise, defendem agora o FMI e o Eurogrupo de
Schäuble, sob a cumplicidade de Juncker e um batalhão de governantes europeus, no
qual participa Passos.
A semana que agora se inicia vai
ser recheada de acontecimentos. Prognosticar é difícil, excepto prever golpes
baixos que atingirão o povo grego.
Contudo, ao contrário da teoria
oca do ‘Fim da História’, de Fukuyama, as sociedades actuais vivem transformações
permanentes, às vezes súbitas e outras radicais. Talvez, em tempos de próximo futuro
(2017), se a ascensão de Marine Le Pen se concretizar em conformidade com as
sondagens, a Zona Euro e eventualmente a União Europeia corram o risco de extinção.
Tenha-se em atenção o que a
candidata da extrema-direita francesa disse à Bloomberg, em notícia que foi
titulada ‘Marine Le Pen: Chamem-me apenas
Madame Frexit’. Do teor dessa entrevista, traduzo as seguintes passagens:
Confesso não ficar paralisado de euforia se
Marine Le Pen vier a ser eleita PR Francesa. Todavia, em política, têm de aceitar-se as escolhas dos povos. Se a direita neoliberal, destruidora do
Estado Social Europeu, é invencível pela esquerda europeia, desconexa e insípida,
talvez venha a ser profundamente derrotada pela direita.
Comparo à imagem do fruto, em tempos
lustroso, que acabará por cair da árvore, bichado e apodrecido no interior.
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