terça-feira, 12 de novembro de 2013

Portugal e Zona Euro sob ameaça da deflação

A imprensa portuguesa, escrita, em áudio ou audiovisual, prefere ser omissa e ignorante de factores e riscos graves para a debilitada vida dos cidadãos. Por norma, descura ‘problemas agudos a que o País está sujeito’; problemas estes que, diga-se, podem envolver uma dimensão geográfica mais ampla – Zona Euro – e, porque assim é, mais complexos se tornam para o pequeno país e a débil economia que somos.
Hoje, porém, fez-se alguma luz na nossa comunicação social. O ‘Público’ alerta:
“A taxa de inflação homóloga em Portugal caiu em Outubro para -0,2%, o valor mais baixo desde 2009…”
Sinto um primeiro mal-estar, por saber que esta notícia da Zona Euro estar sob o risco de deflação já tem dias, sem ter sido divulgada em Portugal. De resto, foi esse motivo para o Sr. Draghi anunciar a redução da taxa de refinanciamento do BCE de 0,50 para 0,25%.
Trata-se da reacção do BCE ao decréscimo da taxa de inflação para 0,7% em Outubro, inferior a 1,1% registado em Setembro. Draghi e companheiros perseguem o objectivo de manter a inflação ligeiramente abaixo dos 2%.
A queda da inflação, se continuada, pode obviamente transformar-se em deflação e é este o fenómeno temido. No ‘site’ da CNBC há dois dias, poderia ler-se o seguinte:
No título da notícia, questiona-se: “Está a zona euro em risco de deflação ao estilo do Japão?”. Há mais de década e meia que os nossos amigos nipónicos lutam contra esse mal e só agora parecem iniciar a fuga ao problema.
Outros ‘sites’ referem-se ao tema. Por exemplo, aqui, a Bloomberg em 7 de Novembro.
Os resultados da deflação são desastrosos: as empresas baixam os preços, mas os consumidores retraem-se nas compras e o investimento, entre nós já muito reduzido, declina pesadamente. O desemprego aumenta, em função da eliminação de postos de trabalho.
Tudo isto, como não poderia deixar de ser, é produto da política europeia imposta pela Alemanha e, no tocante aos periféricos como Portugal, os resultados agravam-se em consequência das desastrosas medidas de austeridade a que estamos submetidos pela ‘troika’.
O silêncio a este respeito, por cá, é sepulcral. Nem ‘o escreve e fala barato’ Camilo Lourenço o aborda. A Albuquerque nem saberá o que fazer. Passos e Portas entretêm-se a comentar Machete, o ‘pivot’ do disparate. O PR assobia para o lado.

(Nota final: no caso de deflação, o mecanismo de alterar as taxas de juro utilizado pelo BCE é de aplicação impossível; não descer abaixo dos 0% e este é o drama que os japoneses tão bem conhecem).

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