Os cidadãos, mesmo os menos atentos,
lembram-se da Tecnoforma, gerida por Passos Coelho e favorecida por diligências
e pressões de Miguel Relvas. Em especial, da negociata da formação de
trabalhadores municipais para funções em aeródromos locais – projecto
avaliado em 1,2 milhões de euros. Tinha de, no final, ser forçosa a adjudicação
à empresa de Coelho.
Relvas
era, na ocasião, Secretário de Estado da Administração Local do governo de
Barroso. Com a falta de pudor que lhe é reconhecida, propôs a Helena Roseta,
então bastonária da Ordem dos Arquitectos, o assentimento para o patrocínio da
formação referida, sob a condição de serem adjudicados em exclusivo à
Tecnoforma as acções de tal formação.
Roseta denunciou o golpe na SIC
Notícias. Relvas reagiu, ameaçando lançar um processo judicial contra a arquitecta
por difamação. Até hoje, que se saiba, não concretizou a ameaça. É mais do que
claro que Miguel Relvas estava despojado de razão e não há, por isso, notícias de
que tenha acusado Roseta em tribunal.
Todos estes episódios burlescos,
próprios de Relvas e do amigo hoje PM, provam à exaustão que Coelho não é propriamente
um político impoluto. Ao invés, é perverso no favorecimento de amigos em
negócios do Estado, no castigo severo dos cidadãos com impostos e os funcionários
públicos, reformados e pensionistas através corte de subsídios de férias e de
Natal e outras medidas ‘draconianas’ que conduziram a milhares de insolvências
e correspondente multiplicação do desemprego para índices incalculáveis, tendo
negado fazê-lo na campanha para as eleições de 2011.
Consistente com a mentira que
cultiva compulsivamente, ou mesmo patologicamente, Passos Coelho acaba de adjudicar um contrato
de 2,5 milhões de euros à Tecnoforma, ao que se deduz comandada na
actualidade pelo amigo Fernando de Sousa.
Tudo isto é, no mínimo, opaco e
abjecto. Salvo para
o esclerosado Cavaco que, na longínqua Ásia, antes de receber do governo os
diplomas de cortes salariais e da contribuição de sustentabilidade (esta
eventualmente substituirá a CES aplicada a reformados e pensionistas), já
garantiu publicamente a Coelho e seus pares o envio, a contento dos
governantes, de tal legislação para o Tribunal Constitucional, para efeitos de
fiscalização preventiva.
Os portugueses vivem sob
permanente ameaça de uma espécie de “triângulo das Bermudas”: um governo sem
seriedade, um presidente conivente com o governo e uma oposição incapaz de convencer
o País da capacidade de o colocar em rumo de políticas social e economicamente justas,
proclamando o desenvolvimento e a renúncia do Tratado Orçamental em que o Tozé
também nos encalacrou.
Esperemos o que o futuro nos
reserva, com dor e o resto de paciência que se está esvaindo. Através de ‘Teconoformas’
e outros esgotos onde apenas circulam detritos.
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