Uma mensagem romântica, de quem contempla a felicidade alheia, remetendo-se
para o sujectivismo em contra a corrente com outros jovens afortunados, questionando ‘mes jours comme mes nuits / sont en tous
points pareils /sans joies et pleins d'ennuis / oh! quand donc pour moi
brillera le soleil? (os meus dias como as minhas noites / são em
todos os pormenores parecidos / sem alegrias e cheias de mágoas / oh! Quando portanto
brilhará o sol para mim?).
No saudoso ‘Teatro Monumental’ no
Saldanha (Lisboa), destruído criminosamente para dar lugar a um cubo de vidro
bronze e triste, que hoje me fere a alma e a memória, assisti ao ‘show’ da
Françoise Hardy. No final da canção, eu
e uma jovem Ausenda (“Zendinha”) beijámo-nos loucamente. Jamais nos
reencontrámos. Os tempos e hábitos eram outros. O controlo dos pais, em
especial sobre as raparigas, era permanente e duro. A repressão, uma carcaterística
do regime, contaminava as regras da conduta familiar e da educação dos jovens;
sobretudo, das jovens.
Nos tempos do ‘Yé-Yé’, no
Monumental, assisti também a outros ‘shows’ de cantores franceses. Sylvie Vartan
et Johnny Hallyday, primeiro casados e depois descasados. Também me entusiasmei
ao som do ‘rock’n roll’ português dos ‘Sheiks’ (Paulo Carvalho, Chaby, Carlos
Mendes, Tordo e Edmundo Silva), de Vítor Gomes e os ‘Gatos Negros’, assim como
de outros de que me esqueci ou vagamente recordo (o duo ‘Os Conchas’).
Na desaparecida sala, também
assisti à exibição de cantores clássicos. Aznavour e Bécaud, por exemplo. Era
leitor assíduo da revista ‘Salut les Copains’ e a música francesa tinha, de
facto, uma projecção internacional assinalável – as músicas de Serge Gainsbourg
(compositor), France Galles, Claude François, Charles Anthony e outros estavam
no auge.
Entretanto, irromperam os ‘Beatles’,
os ‘Rolling Stones’ e outras vedetas anglo-saxónicas. Os franceses foram vencidos e John Lennon com
Paul McCartney tornaram-se meus ídolos. Porém, jamais esquecerei os intérpretes
franceses, Edith Piaf à cabeça. “Non, je
ne regrette rien”, canto para mim próprio.
De facto, como diz a canção de Françoise Hardy « j'aurai le coeur heureux sans peur du lendemain ». Infelizmente,
os jovens de hoje não podem dizer o mesmo ; nem do tempo que passa como
dos tempos do porvir. É o resultado das perspectivas de vida que os poderes
instalados lhes reservaram.
Sem comentários:
Enviar um comentário