JM Tavares é um dos ‘parodiantes
de Lisboa’ (a)
que a TSF e TVI decidiram ressuscitar em formato do programa radiofónico e televisivo,
designado “governo sombra”. O citado completa o trio com Araújo Pereira
e Pedro Mexia, sob a moderação de Carlos Vaz Marques.
Tavares vem hoje a público, justamente
no jornal ‘Público’, afirmar que a morte de Salgado é muito exagerada. Em
sentido literal, a morte não é susceptível de avaliação quantitativa – o homem está
vivo ou está morto. Não existe um estado verdadeiramente intermédio, a não ser
o lapso apressurado da morbidez de um autêntico moribundo.
Com recurso a argumentos
subjectivos, que visam naturalmente pessoas em vez de realidades, JM Tavares,
de uma penada, despacha indivíduos tão distintos no posicionamento político e
na expressão, como Martim Avillez Figueiredo, Pedro Adão e Silva, Daniel
Oliveira, Luís Marques, Pedro dos Santos Guerreiro e chega mesmo a José
Sócrates – Sócrates está tão diabolizado para este género de parodiantes, como
Salazar o esteve pela ‘longa noite fascista’ anos a fio. Sempre fui anti Estado
Novo, mas confesso que, nos anos 1980, já não suportava ouvir um argumento sem
sentido para o que então ocorria no País.
Termina, exaltando Salgado,
afinal vivíssimo da costa, a garantir que o ex-banqueiro enquanto tiver memória
continuará a ser um dos homens poderosos do país. Esta conclusão – não é
especialmente brilhante e original – significa que a justiça portuguesa é
ineficaz, o que toda a gente sabe, a ainda que o Dr. Ricardo Salgado está aí
para as curvas para colocar em estado pré-letal uns tantos. Tavares não precisa
quem e quantos.
Ao contrário de quem escreve bem –
e nos jornais portugueses existem vários autores de qualidade, de esquerda e de
direita – Tavares usa o velho e abjecto esquema de focar as críticas e encómios
em pessoas, ignorando factos.
Se não conseguir ser objectivo
quanto à análise do que está a suceder no GES e BES para um país acabado de
sair (com sucesso?) do PAEF e do que o desespera em termos de vida colectiva,
que importa a vida ou morte de Salgado, avaliada na sua estrita dimensão, assim
como as opiniões de outros articulistas que, em alguns casos, conseguem ser directos
e pragmáticos, superando Tavares?
Certamente, por falta de memória,
Tavares esqueceu-se de Granadeiro e da decisão deste de injectar 900 milhões de
euros na Rioforte, agora incobráveis. Em termos estratégicos para o País causou
uma descida de 39 para 25% na participação da PT na fusão com a Oi.
Os exageros num país vigorosamente salgado passam-lhe ao lado.
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