segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Itália ingovernável? A probabilidade é alta

A RAI, televisão italiana, tem em divulgação ‘online’ as previsões consideradas muitos prováveis de se converterem em resultados definitivos. Segundo essas previsões, também citadas pelo ‘Público’, há grande probabilidade de se criar uma situação de ingovernabilidade do país; vejamos, então, os resultados previsionais:

Câmara de Deputados
Senado
Partido Democrático (centro esquerda):
29,68% (340 lugares)
Partido Democrático (centro esquerda):
31,62% (123 lugares)
P.Liberdade /Berlusconi
(centro direita):
28,98% (121 lugares)
P.Liberdade /Berlusconi
(centro direita):
30.64% (118 lugares)
Mov. 5 Estrelas (Grillo)25.53% (110 lugares) Mov. 5 Estrelas (Grillo)23.8% (53 lugares)
Escolha Cívica (Monti)10.57% (46 lugares) Escolha Cívica (Monti)9.14% (19 lugares)

Em consequência de apressada análise, é natural a perplexidade gerada pela diferença de votos entre as duas câmaras, envolvendo os mesmos partidos. Essa diferença resulta de particularidades da lei eleitoral italiana. Na Câmara de Deputados os lugares são distribuídos com base na votação nacional, ao passo que o número de eleitos para o Senado, por cada partido, é calculado por região a região.

Desta forma, no Senado, os 39,30% de lugares do Partido Democrático ou 37,70% do Povo da Liberdade de Berlusconi são ambos insuficientes para a formação do governo. Por sua vez, a grande vedeta da noite foi o ex-comediante Grillo que já, declarou, não estar disposto a fazer acordos e menos ainda coligações.

Por sua vez, o grande derrotado da noite foi o ainda primeiro-ministro Mario Monti, tecnocrata, não eleito e escolhido por Bruxelas por pressão de Merkel e Sarkozy, para substituir Berlusconi que, afinal, não estão desacreditado quanto se imaginava nos círculos políticos europeus.

Além de humilhante, a escassa votação de Monti ainda terá de ser interpretada como uma mensagem: o povo italiano, tal como o espanhol, o grego, o português e mesmo o irlandês, esgotou a capacidade de conviver com uma economia em recessão e sob um regime de severa austeridade que, nos países Europeus afectados, não estão a resolver as contas públicas e o défice orçamental – talvez a Irlanda mereça ser estudada à parte, porque a ajuda da ‘troika’ (110 mil milhões de euros) foi direitinha para a banca, sem que, no entanto, se evitasse o encerramento do Anglo Irish Bank e a perda de poupanças de cidadãos.

Mais uma vez, as receitas do FMI resultam em problemas mais complexos e, pelos vistos, o inflexível Oli Rhen, em Bruxelas, segue pelo mesmo caminho

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