sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Zeca Afonso silencia Passos Coelho



 
A presidente da AR, Assunção Esteves, bem se esforçou no apelo ao silêncio do público da Galeria, quando este cantou 'Grândola, Vila Morena', de Zeca Afonso. Passos Coelho tinha iniciado o discurso, mas foi ele a silenciar-se. Hipocritamente ou não, teve o bom senso de elogiar a forma de interrupção.

Passos Coelho, dá a ideia, perdeu o fulgor de há algum tempo. Começa a entender o crescente descontentamento popular com a dureza, sem precedentes em tempos democráticos, das medidas do seu governo: desemprego altíssimo, em especial entre os jovens (40%); queda dos salários desde 2011 (-16,1% no último trimestre de 2012), redução de subsídios e penalização agravada sobre os restantes rendimentos de reformados e pensionistas (alvos do agravamento de impostos especiais e elevados – CES), economia em queda, banca beneficiária de ajudas estatais mas incapaz de financiar a economia.

Enfim, o rol dos nossos males é tão extenso que as situações referidas são apenas parte, pequena parte, a que se pode juntar muito mais e uma dívida externa brutal dos sectores público e privado.

Na Europa, da Itália à França, da Espanha à Holanda, de Portugal à Irlanda – citar a Grécia já se tornou em ‘soundbyte’ desrespeitoso – começa a compreender-se que as políticas de austeridade fazem mergulhar os povos do Velho Continente nas piores condições socioeconómicas do pós-guerra. A Europa, mesmo à custa da cegueira neoliberal de dizimar salários e condições contratuais de trabalho historicamenge equilibradas, começou a meter-se num túnel sem luz, nem saída – a menos que os políticos europeus, Alemanha à cabeça, tenham a lucidez de retornar a políticas sociais justas e avançadas. Esta súmula da Presseurop reflecte como a maré do descontentamento alarga os domínios da inundação, ou seja, do sufoco de milhões de europeus.




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