terça-feira, 14 de junho de 2011

Berlusconi: derrota "3 em 1" ...consequências?

O trágico-cómico "Il Cavaliere" sofreu o pesado desaire, amplamente divulgado pela comunicação social: aqui e aqui, por exemplo.
Em linguagem de marketing, pode classificar-se como derrota do tipo "3 em 1"; ou seja, mais de 90% dos italianos dos 57% habilitados a votar,  como acentua Ana Paula Fita em 'A Nossa Candeia' , responderam com um rotundo NÃO às propostas políticas de Berlusconi: i) Não à energia nuclear; ii) Não à imunidade judicial para os políticos; Não à privatização da água.
O povo italiano, finalmente, despertou de prolongada letargia, permissiva de toda a espécie de desvarios, como político e cidadão, a um primeiro-ministro tão ridículo como despótico que, sob a cumplicidade da direita europeia, se transformou em ícone do poder anti-ético e anti-democrático.
Todavia, e embora o veredicto do referendo se tenha confinado a Itália, a comunidade internacional e os países, isoladamente, devem ter em conta as questões referendadas e os resultados registados, assim como inferir das consequências para a instucionalização de políticas nas áreas que foram objecto da consulta.
Em termos de energia nuclear, e dado que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) já estava mandatada para o exercício de vigilância do uso da citada energia para fins pacíficos, o âmbito de tal mandato terá de ser reformulado. Com efeito, com Alemanha, EUA, Itália e Japão são já quatro os países do G-8 que colocam em causa o uso do nuclear, como fonte alternativa e pacífica de energia. Depois da catástrofe de Fukushima, o foco das acções da AIEA, mesmo para os fins ditos pacíficos, carece de reformulação. E a ONU, de quem tal agência depende, terá de estabelecer novas regras na ordem internacional para o nuclear.
A privatização da água já era e confirma-se tratar-se de objectivo a retirar das agendas políticas. Não precisamos de sair de Portugal. Com efeito, com o acesso ao poder do absolutismo neoliberal do PSD e as exigências da malfadada "troika", a privatização das 'Águas de Portugal' é considerada prioridade. Espero que, tendo em conta o NÃO dos italianos, se elimine tão nefasto objectivo. Paulo Portas que, em matérias de privatizações se revela bem mais prudente e sensato que Pedro Passos Coelho, poderá defender a manutenção das 'Águas de Portugal' nas mãos do Estado Português. Nunca imaginei tal coisa, mas o CDS em várias áreas está, de facto, à esquerda do PSD. Quem diria?

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