quarta-feira, 15 de junho de 2011

Dissonâncias

Passos Coelho e Paulo Portas divergem quanto a Fernando Nobre
À saída de Belém, em desacordo com a escolha de Fernando Nobre para presidente da AR, Paulo Portas declarou que essa questão ficou excluída do acordo estabelecido entre PSD e CDS, com vista à constituição e programa do próximo governo constitucional.
Também à saída de Belém, o indigitado primeiro-ministroPassos de Coelho, afirmou e continua a insistir no nome de Fernando Nobre para a referida presidência, sabendo embora que, no plenário parlamentar, esse resultado é difícil de atingir, dada a divergência com o CDS
Há aqui uma clara dissonância entre os dois líderes. Como argumentei neste 'post',  é difícil de aceitar que, em tempo de profunda crise, haja uma divergência acerca de Fernando Nobre. O País, no que respeita à escolha da 2ª figura do Estado, fica suspenso do desfecho da desarmonia à volta de um cidadão que, desde o Sri Lanka, se rebelou contra o eventual incumprimento de uma inaceitável promessa de Passos Coelho; inaceitável porque permite inferir que, em vez de escolher o mais habilitado para o cargo, o líder do PSD agiu segundo o repetido vício de arranjar um cargo para alguém que, pelo curriculum e outras coisas, não se afigura capaz de o desempenhar com conhecimentos, eficiência e eficácia.
Vamos aguardar o desfecho desta dissonância.

Lello contradiz Assis 
Tendo ainda o Palácio de Belém como cenário, Francisco Assis garantiu que o PS não recorrerá para o Tribunal Constitucional com a impugnação da votação no Rio de Janeiro. José Lello, segundo notícia difundida pela 'SIC Notícias', no jornal das 12h00, em atitude de redivivo, contrariou Assis, assegurando que o PS recorrerá de certo para o Tribunal Constitucional.
Esta outra dissonância, que coloca em dúvida a tomada de posse do governo em tempo útil, será interpretada por grande parte dos portugueses como prejudicial ao interesse nacional e, sobretudo, à credibilidade externa do País, já tão afectada. E o PS, subscritor de um compromisso com a 'troika' de que discordo, já está demasiado fragilizado e aquilo de que menos necessita é de episódios que o desacreditem.
Lello, como diria Vicente Jorge Silva, faz parte de uma tralha que os socialistas deveriam expurgar. Se antes do último congresso já era urgente encontrar um líder alternativo a José Sócrates, agora ainda é mais premente recolocar o PS no lugar de partido alternativo de poder e co-regenerador da esquerda portuguesa.

Conclusão
De dissonância em dissonância, cá vai este País dissonando. Resultado, a meu ver, da falta de qualidade dos políticos que temos e cujos desempenhos, diga-se, afinam pelos paradigmas hoje prevalecentes nesta Europa envelhecida e trôpega. 




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