O burro afastou-se para longe, na
direcção da reunião do conselho dos asnos. Abandonou o velho e o rapaz; este
era torcido, teimoso e opinioso, embora pouco ou nada soubesse do que quer que
fosse.
Trio reduzido a duo, o rapaz
assumiu a liderança. Inspirado na tradição de chefe supremo do Império Romano
sentenciou, irritado, ao modesto ajudante que abrira a boca aos jornalistas: “Ó senhor secretário de Estado sobre cortes
em salários e pensões, estou cá eu para falar… compreendeu?”. Ao País o
rapaz anunciou:
“Governo não tem intenção de "proceder a cortes adicionais nas pensões ou salários"
Todos os patrícios, plebeus, clientes,
escravos e libertos perceberam no Império e muitos outros no exterior.
O velho subserviente, ao mesmo
tempo, concluiu:
“Roma falou, a questão está decidida”
O burro regressou, a farsa acabou
e vem-me à memória uma frase de Schopenhauer, filósofo alemão:
“A modéstia é a humildade de um hipócrita que pede perdão por seus méritos aos que não têm nenhum.”De facto na política, e sobretudo no Portugal actual, há burros, velhos, rapazes. Uns são modestos e hipócritas, outros oportunistas descarados e intrujões; do outro lado, existem cidadãos e prescrições.
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