segunda-feira, 14 de abril de 2014

FMI e Governo: o neoliberalismo anti-social dominante

Passos Coelho, dizendo-se social-democrata, e Paulo Portas, assumindo-se democrata-cristão, estão contraditoriamente empenhados na destruição do Estado Social, o que, de resto, não é caso único na Europa de hoje. Razão: ambos se igualam na pantomina.
Coelho, mentiroso compulsivo e publicamente reconhecido, está noutro planeta que Olof Palme jamais habitou. E Portas, dos mais demagogos políticos da nossa democracia, em termos de políticas sociais, distancia-se de Bismarck. A despeito do conservadorismo truculento deste, no século XIX e em concorrência com os social-democratas, instaurou a lei de acidentes de trabalho, o reconhecimento dos sindicatos, o seguro de doença, acidente ou invalidez entre outras, na convicção de que ao Estado competiria proteger direitos inerentes a estas matérias.
Sabe-se que o mundo, entretanto, se transformou. Uma crise do ‘sistema financeiro internacional’, desencadeada a partir dos EUA, associada à perversão do governo “comunista” chinês, e outras perversões por desumanidades trituradoras dos direitos mínimos da dignidade humana em outros territórios asiáticos – fique-se por aqui – impeliram certos políticos europeus à submissão a abjectos poderes financeiros dominantes.
Impera a calamidade ideológica classificada de ‘neoliberalismo’, de que Coelho e Portas são fiéis devotos e praticantes – o despenteado por dentro, Vítor Bento, repudia a existência desta corrente. Sintomático e próprio de homem mediático, bem instalado e próximo do PSD.
À semelhança de outros povos europeus, é a este jogo ideológico que os portugueses vivem subjugados. Os cortes, o DEO e os demais instrumentos e medidas da ministra Albuquerque integram-se neste pensamento político; pensamento que, diga-se, o FMI assume claramente no “Monitor de Fiscal de Abril de 2014”, quando, a preto bem vincado sobre o branco, no prefácio, sob o título ‘Reforma da Despesa — Fazer Escolhas Difíceis’, escreve:
“Garantir a sustentabilidade a longo prazo dos sistemas públicos de pensões e de cuidados de saúde — ou aumentar sua cobertura, se necessário — envolve cuidadosa priorização. Para as pensões, o aumento da idade da reforma e ajustamento das contribuições e dos benefícios são as opções chave.”
Ou então:
“Ganhos potenciais também são grandes, a partir da melhoria da eficiência da despesa na prestação de serviços de educação e no investimento público…”
O governo de Coelho e Portas aplicam a preceito a prescrição. Também, por honradez de opinião, cito a intransigente defesa do ‘Tratado Orçamental’ por António José Seguro. É por estes partidos do ‘arco do poder’ que os portugueses estão condenados a ser (des)governados.

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