quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

ANA: As Finanças subordinam a Economia

anaSituação ignorada com frequência, a diferença entre o Economista e o Financeiro corresponde, no rigor da análise, a uma distinção de comportamento psico-profissional, de que estudiosos, políticos e comunidade em geral não deveriam alhear-se tanto.
Sumariamente, para os Economistas a importância da eficiência do mercado não deriva directamente dos mecanismos de preço, mas sobretudo da aptidão desse mecanismo de preço para maximizar o resultado económico pela via da optimização da alocação de recursos. Os Financeiros enfatizam mais directamente o preço a que os bens ou serviços são transaccionados.
Tudo isto vem a propósito das palavras, na conferência de imprensa, de Maria Luís Albuquerque (MLA), secretária de Estado do Tesouro, acerca da privatização, classificada de concessão por 50 anos, da ANA aos franceses da ‘Vinci’.
MLA não se cansou de citar, repetir e insistir nos 3,080 M € que o Estado português receberá da poderosa companhia internacional – mais de 183.000 trabalhadores e já accionista detentora de 37% da Lusoponte – pela exploração do negócio da totalidade dos aeroportos civis portugueses e o militar de Beja.
O secretário de Estado das Obras Públicas,Transportes e Comunicações, sem deixar de enaltecer o preço, estava eufórico com o potencial estratégico da ‘Vinci’; empresa que, diga-se, tem apenas até hoje, na carteira de negócios, a exploração de 12 aeroportos (9 em França e 3 no Camboja), com um movimento total de 8,5 milhões de passageiros. O Aeroporto de Lisboa, e omitindo outros como Porto e Faro, já registou um tráfego de 15 milhões de passageiros em 2012.
O ‘know-how’ que Portugal cederá à ‘Vinci’ para expansão do negócio, os rendimentos derivados do lucro da ANA que transitarão dos cofres do Estado Português para a compradora por repatriamento de lucros e nova alienação de estratégica infra-estrutura, sem ponta de reflexão ou preocupação de ordem económica do governo, constituem mais um motivo para comemorar um grande sucesso nos gabinetes da Praça do Comércio e da Horta Seca.
Trata-se de outra vitória de ‘Pirro’ para a colecção do governo; e um passo mais dos portugueses na direcção empobrecimento e do abismo.
Os Financeiros dominam, os Economistas obedecem e a crise, a Luís Albuquerque de ar risonho, causa uma imensa felicidade, ao intensificar o ritmo e a proporção a que o País se afunda.

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