Relevou-se também o facto da redução em causa, pela primeira vez, ser comparável com os valores de 1999.
Saúda-se esta precisão da comparação no tempo. Governantes e acólitos afirmavam: “estavam-se a atingir valores que, apenas, poderiam ser cotejados com o ano de 1943".
Nesse ano longínquo, da 2.ª Guerra Mundial, a estrutura e os fluxos de comércio externo nacional dependiam, em parte significativa, dos produtos coloniais, lembre-se. Aconselha a seriedade intelectual de não se comparar o incomparável: ‘balanças comerciais’ de épocas históricas e conteúdos tão diversos.
A interpretação do resultado do défice externo, e rejeitando a hipótese de ignorar o que está por detrás dos tais 0,7% do PIB, exige observação atenta e consideração de outros fenómenos:
- O primeiro factor a contribuir para a redução défice externo está associado às importações (-1,5% no 3.º trimestre contra o acréscimo de apenas +0,9% das exportações e os números de trimestres anteriores levam a idêntica conclusão).
- No 3.º Trimestre de 2012, como o ‘Público’ anunciou em 7-12-2012, citando o INE, registou-se outro facto relevante: o PIB nacional caiu 3,5%.
Sumariamente, os números do défice externo igualmente traduzem baixa continuada (desde 2010) do consumo privado, do investimento e do consumo público – esta última quebra repercutida igualmente na redução das prestações do Estado Social, sector da saúde em especial.
A redução do PIB, que é significativa, além da pobreza do tecido económico nacional, reflecte o permanente aumento do desemprego, sempre para valores superiores às previsões e sucessivas revisões do governo.
Em suma, o resultado do binómio exportações-importações, à vista desarmada, até parece agradável. Examinado à lupa, sinaliza, porém, outros efeitos perniciosos nas condições de vida e na dificuldade de acesso ao trabalho dos portugueses, circunstâncias que as forças do governo tentam dissimular.
Sem comentários:
Enviar um comentário