Niemeyer partiu. Tinha 104 anos. A notabilidade artística e o talento venerado de Oscar Niemeyer legaram à humanidade, em diversos azimutes, capítulos de exaltação do belo e da criatividade, na arquitectura.
"Há um antes e um depois do Niemeyer"
afirmou, em expressão feliz e justa, Manuel Aires Mateus, arquitecto português.
No primeiro troço de saudade percorrido na partida de Homens - com ‘H’ maiúsculo, efectivamente - da qualidade intelectual e humana de Niemeyer, mais se acentua a tristeza de ficarmos num mundo de feras da voracidade financeira, de funestos políticos com que Niemeyer, agora, deixou de se inquietar.
A despeito de, no universo e nesse imenso Brasil matizado de grandes e/ou ilegítimas fortunas e das mais pungentes das misérias de milhões, haver infalivelmente gente do povo anónimo, com postura instintiva, a viver a despedida de Oscar Niemeyer; em estado de automatismo e ao som do poema de outra personalidade brasileira de vulto, Manuel Bandeira, que deixou assim escrito:
“Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.”
Niemeyer saberia que, além de outros, a morte chega com estes episódios. Natural que estivesse sempre voltado para a vida, absorto e confiante nela. Aos 104 anos partiu, ciente de tudo isso.
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