O Senhor Presidente da República –
1.º Ministro de Portugal de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995 –
teve uma intervenção, para mim, geradora de enorme perplexidade no
Congresso das Comunicações, devotado ao tema “Um Mar de
Oportunidades”.
Inspirado talvez no ‘cabo submarino’
e em outros elementos específicos daqueles que subsistem em ambientes aquíferos,
mas não se dispensam de ‘meter água’, declarou:
“… é necessário olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassar os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria”
Quero acreditar que, nas “últimas
décadas”, se inclui aquela em que ele próprio governou o País e os aviltantes
processos de, a troco de fundos europeus, terem sido eliminadas produções
agrícolas e abatidas embarcações pesqueiras que se transformaram em vistosos
Jeep’s, BMW e vivendas em zonas de novos ricos.
A nossa vocação era convertermo-nos
num ‘País de Serviços’, proclamava então.
Não esqueço obviamente a destruição
industrial, em especial da CUF/Quimigal, executada pelo seu ministro Mira
Amaral – entre muitas, a alienação da Sonadel-Uniclar-Unisol à
Colgate, realizada pelo então “boy” Carrapatoso”. Foi muito sintomática,
chegando mesmo à “cunha” para empregos.
No desmantelamento da agricultura, da
pesca e da indústria, a lista é demasiado vasta. Dispensamos
os detalhes.
No discurso do ‘Congresso das
Comunicações’, e certamente simbolizado por sinais electrónicos e transdutores,
não seria de todo despropositado que o Senhor Presidente da República à terra
agrícola, ao mar oceânico e aos solos industriais, juntasse também o ‘ar’. Sim o
ar imenso, por onde transitam os aviões da emblemática TAP que, sob sua
aprovação, vai ser alienada para mãos estrangeiras, não obstante o inegável
valor estratégico que representa para a portugalidade no mundo – especialmente
em África e na América Latina.
São estes gravíssimos erros,
cometidos anos a fio desde 1985, que conduziram e continuarão a conduzir à
pobreza e ao infortúnio um povo que, reconheça-se, tem sido sucessivamente
ludibriado e cada vez mais se afunda na responsabilidade de escolher os piores
para governar o País.
‘Fado da Tristeza’, chamou-lhe José
Mário Branco….
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