O comentário político em Portugal, sobretudo nos canais televisivos, SIC e TVI em especial, está de há muito inquinado. Desde logo, com essa originalidade de terem transformado os políticos em comentadores regulares e remunerados da actividade politica. Sinceramente, viaja-se pela Europa, EUA e outros países, e nunca dei conta de semelhante exemplo no quotidiano televisivo. Uma originalidade portuguesa, penso.
Todavia, como se não bastasse esta descarada prática de divulgação de opiniões interesseiras e enviesadas, os comentadores profissionais são igualmente incapazes de ser neutros, imparciais e objectivos, quando “analisam” actos, factos ou processos políticos
Na noite de ontem assisti à edição da CNN dedicada às eleições presidenciais norte-americanas. Uma ou outra vez, em tempos de intervalos publicitários, fiz o ‘zapping’para a SIC Notícias, onde estava a figurinha da lusa intelectualidade, de nome Nuno Rogeiro. Contrariado e desvairado pela vitória de Obama que, então, se desenhava entre as 3 as 4 horas da madrugada, o Rogeiro rugiu, mais ou menos isto:
“Eu sei que se tratam de regras de há muitos anos, mas é injusto que um candidato (Rommey) com 52% dos votos populares seja derrotado por outro (Obama) que obtém 48%.
Pedro Moutinho, o locutor, de uma rajada corrigiu:
Rogeiro retorquiu:“Estou a fazer contas e a diferença não são 4%, mas apenas de 1,6% neste momento”.
"Mesmo assim, são quase 2%..."
Acabado o sufrágio, e confirmado pelo The New York Times, Obama venceu por 303 delegados o ‘score’ de 206 de Rommey e, no tocante ao voto popular, ganhou igualmente por 50% contra 48% do adversário...
Então, imagino, às tantas da madrugada, o regresso ao lar do Rogeiro indisposto e a rugir furibundo: o preto venceu, bolas!
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