quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O impulso da má-consciência do Governo Alemão

“Vejo a má-consciência como a profunda doença que o homem teve que contrair sob a pressão da mais radical das mudanças que viveu, a mudança que sobreveio quando ele se viu definitivamente encerrado no âmbito da sociedade e da paz”
 (NIETZSCHE, 2004, p. 72)
O Sr. Schäuble e sua companheira Merkel, vá lá saber-se porquê, tiveram um impulso de má-consciência. O ministro assinará hoje um acordo com a Conferência Judaica para as Compensações. Dos ainda 500 mil  sobreviventes do Holocausto, cerca de 80 mil oriundos da Europa de leste e das antigas repúblicas soviéticas receberão cerca de 2.556 euros do Estado Alemão. Outros, igualmente em número diminuto, ficarão com uma pensão de 300 euros mensais.
Os alemães, de novo no cume do poder mundial por consentimento tácito do Ocidente, permitem-se cometer estes gestos de profundo desrespeito e até de perverso prazer de ferir os sentimentos dos povos, atingidos pela barbárie da máquina de Hitler na 2.ª Guerra Mundial – calcula-se que o Holocausto tenha causado a morte de 6 milhões de pessoas, destacadamente de origem judaica; porém, as contas verdadeiras  estimam em 30 milhões o total de mortos de guerra.
Este acto de ‘má-consciência’, e de profunda doença como dizia Nietzsche, entre os mais lúcidos, não será aceite como voluntária e generosa penitência. Pretender resgatar gravíssimos crimes de guerra através da atribuição de 2.556 euros a cada um dos 80 mil sobreviventes é um acto torpe e obsceno; ou sem definição possível em qualquer língua.
A provar que a nossa revolta não é ligeira e gratuita atitude de germanofobia, lembram-se alguns factos:
  • Os alemães, na Grécia, exterminaram cerca de 200.000 vidas, sem pagar a indemnização que lhes competia;
  • Em Londres, foram destruídas 3,5 milhões de habitações na área metropolitana;
  • Em Varsóvia foram destruídas 90% das habitações;
  • Em Itália, a destruição cifrou-se em 1.200.000 lares;
Poderíamos prosseguir com o rol de mil e uma desgraças, questionando, no final, como foi possível aos Aliados concederem o estatuto de impunidade e ajudas financeiras, essas sim ajudas autênticas, a um povo que, maioritariamente, apoia essa ‘germano-calvinista’, Merkel de seu nome, cuja condenação de outros povos europeus ao desemprego, à pobreza e à miséria não tem limites que a satisfaçam.
(Pensando bem, podemos estar perante uma operação de ‘charme’ que visa privilegiar as relações da Rússia do gás, do petróleo e de muitos outros negócios possíveis.)

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