Fiquei estancado na 7.ª Avenida, frente do Madison Square Garden, sem definir o programa e o rumo da noite. Solitário, cogitei quanto a alternativas: subir até Times Square ou descer na direcção da baixa de Manhattan?
Em Nova Iorque, há o paradoxo de haver solitários, mas não a solidão. Resolvi, então, o meu dilema. Quilómetros percorridos com a sensação de serem apenas centenas de metros, cheguei ao ‘Little Italy’, bairro fronteiro ao ‘China Town’. Resolvi jantar no ‘La Mela’ (‘The Apple’ ou ‘A Maçã’ como exigem os mais puritanos defensores da língua portuguesa).
Do cardápio, seleccionei Tortollini e não sei que mais. Lembro-me de ter saboreado vinho da Toscana; de súbito, na mesa do lado, juntou-se à festa um trio de italianos: o Giancarlo, o Vittorio e o Fagiano, todos profissionais da bolsa, muito críticos da Wall Street. Começámos por falar de Portugal. O primeiro tema estendeu-se do Benfica ao Porto e a essas coisas importantes que o futebol nos oferece, como os ‘No Name Boys’, os ‘Super-Dragões’ e a ‘Juve Leo’.
O calor da conversa, em que o tinto da Toscana aspergiu uns e inundou outros, deu origem a que um dos italianos, no final da pitança, sugerisse a ida até um bar de Tribeca, onde, dizia, Roberto de Niro era cliente – confesso que, nem à entrada nem à saída, memorizei o nome do bar.
Sei, isso sim, que a determinada altura, vimos e ouvimos um par a cantar, e bem, “Tonight”, uma das canções do inesquecível ‘West Side Story’. Que repesquei para este ‘post’.
Ao contrário da leitura possível do filme “Nova Iorque fora de horas”, de Scorsese, a ‘Big Apple’ é uma cidade que vive sempre dentro de horas, 24 por dia. Trabalho, diversões e vidas fáceis ou complicadas que, ora por umas razões, ora por outras, cumprem de segundo a segundo os 1440 ‘bio-frenéticos’ minutos que a Terra demora a dar uma volta sobre o seu próprio eixo.
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