terça-feira, 13 de novembro de 2012

Deficit de 2012–Da trampolinice de Passos ao silêncio de Gaspar


Ainda ontem vi e ouvi, milhões de portugueses também viram e ouviram, o que o vídeo documenta de forma inequívoca: o PM, Passos Coelho, no forte de S. Julião da Barra, ao lado da patroa Merkel, a garantir ao país e ao mundo:
“O nosso deficit [2012] será de 5% em vez de 4,5% que estavam previstos, significando, portanto, que […] foi possível validar uma flexibilização das metas para que o valor final que estava previsto não se tornasse contraproducente com os esforços que vínhamos realizando.”
A despeito do esforço para evitar epítetos menos duros, é-nos impossível dispensar o qualificativo de trampolinice para esta intervenção. Igualmente é deplorável a fuga de Vítor Gaspar que, perante notícias reveladoras de um possível deficit de 5,5% este ano, incumbiu uma ou um amanuense de dizer que o cálculo do alegado agravamento é da responsabilidade da comunicação social. Sem justificar por que razão.
O Banco de Portugal, em gesto de fraterna amabilidade do governador Carlos Costa, teve a cortesia de deixar partir Merkel e hoje sabemos através do ‘Público’ que o deficit orçamental real poderá atingir 6,2% este ano; portanto, consideravelmente superior aos 5,5% referidos pelo 'Jornal de Negócios'.
Em resumo, e voltando ao ponto de partida do discurso do PM, o erro é da responsabilidade da meta inicialmente prevista (4,5%) e não das medidas políticas desastrosas do governo. Resultado: há que mudar a meta, nem que seja para 5,5%, o que significa um desvio de +22,22% em relação às previsões do Ministério das Finanças, chefiado pelo genial Gaspar.
Quem trabalhou em médias e grandes empresas, em especial multinacionais, terá consciência de que chegar ao final do ano com um desvio desta ordem significaria uma abrupta ordem: RUA!
Com este panorama, como poderemos acreditar nas projecções do OGE para 2013, se o Banco de Portugal já sinaliza para a economia portuguesa números mais graves do que o projecto governamental?     
 

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