O ‘Público’, em título cintilante,
anuncia: “Desemprego
em Portugal regista a segunda maior descida na União Europeia”.
No corpo da notícia, 1.º
parágrafo, martela-se:
“Eurostat dá conta de uma taxa de desempego de 15,3% em Janeiro, acima
dos 12% da zona euro e dos 10,8% do conjunto da União Europeia.”
A informação, tal como titulada,
deixa qualquer leitor satisfeito com a melhoria desse flagelo em Portugal.
Trata-se, no entanto, para os mais atentos e informados da manutenção do conhecido
drama, idêntico ao nível de Dezembro de 2013 – os 15,3% confirmados pelo
Eurostat.
Para comprovar que se trata de uma velha novidade,
propagada indevidamente como nova e satisfatória, é bom lembrar que o próprio
INE, em 5 de Fevereiro, já havia tornado pública a taxa de desemprego de para o
4.º trimestre de 2013, conforme o quadro a seguir exibido:
Em vez de estimular falsas
euforias, é princípio da mais elementar ética da comunicação social informar
com rigor, sem escamotear ou enviesar análises estatísticas relativas a um
sofrimento social de centenas de milhares de portugueses. Mais de um milhão,
segundo algumas fontes.
De referir também que tanto o
Eurostat como o INE trabalham condicionadamente os números do desemprego, sem
que uma outra qualquer entidade oficial, até à data, tenha divulgado com rigor a
quantificação dos desempregados
de longa duração, os não activos na procura de emprego, qual o impacto no pretenso decréscimo de cerca de 3 centenas de milhares de emigrantes que deixaram o País desde
2011.
A interpretação de séries
estatísticas, isolada de outros factores de contexto, é sempre susceptível de
conduzir a conclusões erróneas. Como afirmava há muitos anos um político francês, ao
dizer-se que em França são consumidos X litros de leite ‘per capita’, fica-se
sem saber quantos litros são consumidos pelos cães dos ricos e quantos litros
não são consumidos pelos filhos dos pobres.
No fim de tudo isto, e mesmo assumindo
que 15,3% em Janeiro seria uma taxa que, de facto, englobasse todos os
desempregados, esse percentual confirma que há 4 meses, em termos criação de
emprego, a Economia Portuguesa manteve-se estática, verdade que o
sensacionalismo dos noticiários jamais consegue negar.
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