Execução é, de facto, palavra de grande diversidade de significâncias.
Poderemos usá-la para descrever
acções do assassínio legal em determinados pontos do universo, como certos estados
dos EUA. Ao relatar determinada pena de morte, diz-se: o George B. foi
executado na prisão X do Texas, condenado por 18 homicídios.
Mas também, na polivalência do
executar, podemos deslocarmo-nos para áreas susceptíveis de deslumbramento: as
execuções do pintor Amadeu Sousa Cardozo, integradas nos movimentos do cubismo,
do futurismo e do expressionismo, atingiram uma repercussão mundial aquém do
que seria justo. Com a qualidade das execuções literárias de sua autoria,
Camões e Pessoa tornaram-se duas grandes figuras da poesia mundial.
Descendo ao mundo mais frugal,
também se afirma que o pedreiro, o carpinteiro, o marceneiro, o ladrilhador e
até os serventes destes todos executaram trabalhos de qualidade.
No meio de tudo isto, da excelência à banalidade, também há quem execute ‘às três pancadas’, ou seja,
com muita imperfeição. Ou então aqueles que executam aparentemente bem, com a
habilidade de fazer o medíocre parecer uma obra-prima.
Com a pulsão dos “enormes
impostos” de Gaspar, Maria Luís de Albuquerque é uma destas últimas executantes
hábeis, na arte de ‘vender gato por lebre’. Certamente ela, o Pedro, o Portas e
as respectivas ‘entourages’ vibraram horas incontáveis de felicidade com a notícia:
“Mais 10% de impostos conduzem a excedente orçamental em Janeiro”
Se, mesmo ligeiramente, lermos o
relatório da execução orçamental de Janeiro-2014 da DGO, percebemos o
porquê do resultado final que, em Janeiro, por lógica do tratamento das ‘
contas públicas’, é sempre mais favorável do que nos meses restantes.
Analisemos, pois, alguns
aspectos, poucos, do referido relatório e cremos dessa forma transmitir uma
ideia das razões e ilusões da melhoria das contas públicas:
- Do lado da receita fiscal, o documento da DGO indica aumentos de 19,7% e 5% em impostos directos e indirectos (24,7%); i.e., 3.066,2 milhões de euros, provenientes do agravamento maioritariamente de impostos sobre as pessoas singulares através do IRS e também em parte do IVA – em Janeiro de 2013 haviam sido – 303,1 milhões.
- Na Despesa Corrente, o aumento de ‘despesas com pessoal’ registaram o aumento de apenas 0,6% - fixaram-se em 972,2 M em Janeiro de 2014 comparável com 966 M em 2013.
- De ‘juros e outros encargos’ foram gastos – 8,2% (- 99,8 milhões); os juros não são mensalmente homogéneos ao longo do ano e, naturalmente, com maior dívida é natural que nos 11 meses restantes, a verba venham a ultrapassar os quase 8.000 milhões de 2013.
- Na explicação da Despesa, o próprio relatório reconhece que, em grande parte, a maioria do valor do saldo decorreu igualmente pelo efeito base de 2013 relativo à antecipação da contribuição mensal para o orçamento da União Europeia, no valor de 336 milhões.
Para além de se tratar apenas de
uma execução de 1/12 do OGE de 2014 – e ainda estamos pendentes do
rectificativo – uma das ilações a tirar é que, a juntar a
deslocalização no tempo do pagamento para o orçamento da UE, parte substancial
da melhoria se deve a impostos sobre o trabalho (IRS) e o consumo (IVA), muito
dele dos cidadãos comuns. Por sua vez a melhoria das contas da Segurança Social
resultam inquestionavelmente dos cortes nas reformas do sector privado e, em
termos de receita, beneficiarem dos descontos da ADSE serem encaminhados para a
dita Segurança Social, assim como do aumento de descontos sobre trabalhadores independentes (recibos verdes).
Uma classe média informada e
atenta facilmente perceberá que é a sua custa – e não dos banqueiros de parcos
ou negativos lucros que o povo pagará – que o País aguenta, aguenta!
O mais curioso de tudo isto é, a despeito
do esforço, empobrecimento, emigração e acentuada quebra demográfica (óbitos
acima dos nascimentos a somar à emigração), a CE ainda pretende castigar os
trabalhadores portugueses com cortes entre 2 a 5% - lá vai o Tribunal
Constitucional, essa instituição que tem feito o governo ser mais escrupuloso no
cumprimento da CRP servir de ‘saco de boxe’ do Coelho, do Portas, do Pires e de
Barroso e seus amigos em Bruxelas e Washington. Vale-nos que os juízes são
imunes a pressões e ainda mais a intimidações.
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